quais as lentes utilizadas pela psicopedagogia para compreender o processo de aprender do ser humano?
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Historicamente, segundo BOSSA (2000) os primórdios da Psicopedagogia ocorreram na Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela preocupação com os problemas de aprendizagem na área médica. Acreditava-se na época que os comprometimentos na área escolar eram provenientes de causas orgânicas, pois procurava-se identificar no físico as determinantes das dificuldades do aprendente. Com isto, constituiu-se um caráter orgânico da Psicopedagogia. De acordo com BOSSA (2000), a crença de que os problemas de aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos e determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem recentemente.
Nas décadas de 40 a 60, na França, a ação do pedagogo era vinculada à do médico. No ano de 1946, em Paris foi criado o primeiro centro psicopedagógico. O trabalho cooperativo entre médico e pedagogo era destinado a crianças com problemas escolares, ou de comportamento e eram definidas como aquelas que apresentavam doenças crônicas como diabetes, tuberculose, cegueira, surdez ou problemas motores.
A denominação “Psicopedagógico” foi escolhida, em detrimento de “Médico Pedagógico”, porque acreditava-se que os pais enviariam seus filhos com menor resistência. Em decorrência de novas descobertas científicas e movimentos sociais, a Psicopedagogia sofreu muitas influências. Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação professor-aluno. Já Jorge Visca relata:
“A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo o processo de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca, 2007, p.23).
Nas décadas de 50 e 60 a categoria profissional dos psicopedagogos organizou-se no país, com a divulgação da abordagem psico-neurológica do desenvolvimento humano. Atualmente novas abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como inúmeras pesquisas sobre os fatores intra e extraescolares na determinação do fracasso escolar, contribuíram para uma nova visão mais crítica e abrangente.
Entre diversos conceitos de psicopedagogia, BOSSA (2007), identifica-se com seguinte escrita de Golbert: “não devemos nos limitar a uma escola” (p.22), ou seja, devemos ampliar nosso campo de visão, não devemos nos focar a um único diagnóstico e sim há vários até chegarmos a uma solução do caso em questão e não podemos deixar de participar a família para que o apoio da mesma ajude num melhor tratamento. Já Jorge Visca relata:
“A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo o processo de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca, 2007, p.23).
Um dos principais objetivos do surgimento da Psicopedagogia foi investigar as questões da aprendizagem ou do não - aprender em algumas crianças. Por um longo período atribuía-se exclusivamente à criança a patologia do não - aprender Foi na Europa, no século XIX, que médicos, pedagogos e psiquiatras levantaram questões sobre o não - aprender, entre eles: Maria Montessori, Decroly e Janine.(GASPARIAN,1997,p.15).
Ao longo do séc. XIX surgem teorias relacionadas à ciência e a teoria evolucionista de Charles Darwin que enquadra o homem dentro do esquema da evolução biológica, abolindo as linhas divisórias das ciências naturais, humanas e sociais (Bossa, 2007). Independente, surge a psicologia neste período, como ciência que exemplifica algumas áreas do conhecimento, utilizando os princípios da biologia na construção do seu corpo, o corpo humano, objeto de estudo da psicologia.
A partir dessa ideia começaram a serem desenvolvidos nas escolas testes que procuravam explicar as diferenças de rendimentos dos alunos e o acesso diferenciado a diversos graus de escolarização. E assim, esse conhecimento científico foi à base do pensamento dos psicólogos e educadores daquela época. Aos poucos, o conceito de anormalidade ia sendo deslocado das psiquiatrias para as escolas. A criança que não conseguia aprender era chamada de “anormal”, sua causa era atribuída a anomalia anatomofisiológica. Na França surgiu Janine Mery, psicopedagoga que apresentou em seus trabalhos algumas considerações e ideias sobre o termo psicopedagogia e adotou este termo para caracterizar uma ação terapêutica, onde apresentavam dificuldades de aprendizagem.