Quais as funções desempenhadas pelos imigrantes árabes no início de sua fixação no país?
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Resposta: Os 130 anos da imigração árabe no Brasil são registros meramente oficiais de uma entrada de grandes levas de árabes a partir de 1880, pois os árabes vieram ao Brasil bem antes do que as crônicas oficiais registram. Datam da época dos grandes descobrimentos – quando Portugal era uma das potências marítimas e as naus lusitanas singravam os mares em busca de novas terras para a coroa –, notas sobre navegadores e cartógrafos árabes acompanhando os grandes conquistadores. A invenção do astrolábio pelos árabes e a subsequente fama deles na navegação fez com que muitos capitães portugueses e espanhóis usassem a perícia árabe. Talvez um dos mais famosos navegadores árabes tenha sido Ahmad ibn Majid, que acompanhou Vasco da Gama em várias de suas viagens, inclusive na célebre incursão à Índia, contornando o Cabo da Boa Esperança. Alguns pesquisadores afirmam que Pedro Álvares Cabral possa ter tido entre os tripulantes um cartógrafo árabe que sobreviveu à queda de Granada, em 1492 – assim como fizeram os navegadores que vieram nas duas primeiras décadas após o descobrimento. Não se sabe, porém, se algum desses árabes do Brasil Colônia permaneceu aqui.
Voltando aos anais oficiais, a imigração das grandes levas começou realmente há aproximadamente 130 anos, tendo início com a fuga de milhares de jovens cristãos da perseguição otomana que dominava com pulso de aço a Grande Síria, hoje Síria, Líbano, Israel e parte da Jordânia. A ideia desses jovens imigrantes – muitos que mal tinham entrado na adolescência – era “fazer a América”. Isso significava trabalhar duro, ganhar muito dinheiro e voltar ao país de origem. Muitos embarcavam nos navios dos portos de Beirute, Haifa, Trípoli e Latáquia, sabendo somente que iam à América. Ou seja, não tinham conhecimento que a América podia ser Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile, México… Muitos desciam em um país, pensando que era outro; desembarcaram até em ilhas do Caribe. A história oral desses primeiros imigrantes registra, com certa dose de humor, que alguns desceram no Brasil pensando ter chegado aos Estados Unidos; outros achavam que era a Argentina.
Um outro aspecto curioso sobre os primeiros imigrantes árabes que vieram ao Brasil Império reside no fato de possuírem documentos nos quais constava a profissão de agricultor. O que era verdade! A maioria tinha saído de aldeias onde trabalhavam em plantações variadas e no pastoreio. Ao chegar ao Brasil, entretanto, iniciavam a profissão de mascate, seguindo, quem sabe, os passos dos primos judeus que os antecederam na vinda ao país. Os árabes vendiam roupas, tecidos, bijuterias, panelas – e o que mais fosse encomendado pela freguesia –, em lombo de mulas ou carroças; autênticas lojas de armarinhos ambulantes. Por serem majoritariamente cristãos, os primeiros imigrantes logo se aclimataram e absorveram os hábitos e costumes do país adotivo, casaram com brasileiras e tiveram filhos; raros foram os que retornaram à pátria de origem.
Todos esses árabes que vieram no final do século 19 e no período de queda do império otomano, cristãos ou muçulmanos, vinham com um documento que se chamava laissez passer – “deixai passar”, em francês, a língua diplomática da época –com o timbre do governo turco otomano. Daí o apelido de turco. Na verdade, esses primeiros imigrantes não sabiam dizer mais do que duas ou três frases em turco; geralmente com palavrões. Mas eram ‘turcos’ para as autoridades brasileiras e para o povo. Guardadas as devidas proporções, seria o mesmo que um nativo do Brasil, à época da Colônia, fosse para a Europa. Ele seria considerado, oficialmente, um português d’além mar. A diferença é que esse cidadão realmente falava o português; já o imigrante árabe não falava turco. Mas o apelido continuou até os dias de hoje mesmo entre as pessoas de boa escolaridade; pessoas que ainda pensam que todos esses caras que falam português enrolado e têm lojas de confecções são “turcos”.
A partir da queda do Império Otomano, em 1918, diminuiu a vinda dos cristãos e começou a chegada dos muçulmanos, seguindo o mesmo caminho dos antecessores. Mascateavam comboiando os ciclos das produções agrícolas e extrativas brasileiras. Quando houve o ciclo da borracha na Amazônia lá estavam os mascates, vendendo mercadorias aos extratores. Quando o ciclo da borracha acabou, partiram em busca de outras fontes, mas muitos ficaram por lá, abriram estabelecimentos comerciais, casaram com brasileiras e formaram famílias. Seus descendentes estão espalhados pelo Amazonas, Pará, Acre, Roraima, Rondônia e Amapá.
Explicação: Espero ter ajudado.