Ed. Física, perguntado por clecia253354, 9 meses atrás

quais as exigências que o exército faz ao imperador D. Pedro

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Respondido por aninhaluiza51
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Resposta:

O Exército como povo

Buscaram-se através da História os fatos que conduziram marcantemente à abdicação do Imperador. Nos mais importantes está presente o Exército, ora cumprindo o seu desígnio de defensor dos poderes constituídos e de mantenedor da lei e da ordem, ora premido pelas circunstâncias, sentindo o desvirtuamento desses poderes, apoiando e conduzindo o povo no restabelecimento da normalidade sócio-política.

A Força Terrestre existente no Brasil, na fase colonial, encarregou-se de preservar as terras conquistadas e de lutar contra franceses e holandeses, apresentando já tendências que se revelariam no Exército do futuro.

Salienta Samuel Guimarães da Costa em “Formação Democrática do Exército Brasileiro" os seguintes aspectos:

"Por ora cabe ressaltar apenas a influência que teve na organização militar da colônia a confluência da iniciativa privada e da miscigenação, emprestando ao Exército colonial o caráter de força espontânea do povo – feita muito mais à base de milícias de paisanos que de tropas regulares e pagas".

Este caldeamento caracterizador da formação de nossa Força Terrestre foi motivo de inúmeros atritos entre portugueses e brasileiros. Passou a ser constante o desejo dos integrantes brasileiros de galgar postos mais elevados da hierarquia militar, entrando em choque com os ocupantes mais antigos, os portugueses. E o primeiro sinal manifestou-se na revolução pernambucana de 1817 que, apesar do cunho republicano, mostrava o conflito entre oficiais nacionais e lusos. A causa mais imediata daquele movimento foi, sem dúvida, o antagonismo existente entre as duas facções, no seio da oficialidade: "São os oficiais portugueses – disse João Ribeiro – os que justificam e inflamam os ódios nativistas, grosseiros, soberbos e prepotentes, por toda parte vão semeando rancor e cólera".

Na fase de conspiração pela Independência encontram-se oficiais brasileiros participando ativamente da preparação do movimento. O grau de participação do Exército cresceu por ocasião do episódio do Fico. As tropas brasileiras, apoiando D. Pedro, possibilitaram ao Príncipe Regente enfrentar a Divisão Auxiliadora que o queria embarcar de volta a Portugal.

No tumultuado ambiente de mobilização material e psicológica, reunindo soldados, oficiais, políticos e expressivos segmentos populares em torno do apelo de D. Pedro I, foi tomando feição o Exército brasileiro, que apenas com o tempo iria definir-se nos seus traços mais característicos, à medida que se desdobrassem as lutas pela Independência, na procura de formas e instituições políticas mais ajustadas à realidade histórica brasileira.

É no contexto dessa situação que se pode encontrar o início da participação do Exército na Abdicação. Aos poucos o Exército irá transformar-se no fiel da balança política e social do país.

Apesar de todo o apoio emprestado ao Príncipe e do esforço em manter a nação unida e coesa, viu-se logo o Exército envolvido em acontecimentos políticos.

O Imperador, que demonstrara grande liberalidade, viu-se obrigado a dissolver a Assembléia Constituinte, antes mesmo que esta concluísse os seus trabalhos. Apesar de seu grande prestígio pessoal, o Imperador necessitou do apoio do Exército nessa oportunidade. Não obstante sua popularidade, D. Pedro não estava certo de poder levar a tropa àquela aventura. Consta que teria se valido de um ardil nessa ocasião. Chamara um pequeno grupo de oficiais a ele ligado e lhes dissera que a Assembléia Constituinte pretendia depô-lo e afastar o Exército do centro das decisões políticas. Era uma tentativa de envolvimento da Força Terrestre em problemas de natureza política, com o risco de dissociá-la do povo. O Imperador estava se desgastando e perdendo seu prestígio pessoal.

Ao dissolver a Assembléia, D. Pedro não produziu somente uma hostilidade dos líderes políticos contra o Exército, mas gerou também no seio da camada mais liberal da época – os brasileiros de tendências republicanas – uma impressão decepcionante. Parecia agora aos mais exaltados que se cometera um erro ao fazer de D. Pedro um aliado na luta pela Independência.

Foi nesse ambiente de agitação política que o Brasil teve que envolver-se em lutas ao sul do país. Os brasileiros lutavam no Prata contra a República das Províncias Unidas do Prata, envolvendo a área da Cisplatina. Se a guerra era impopular, maior foi a decepção pelo desfecho: perdemos a Cisplatina a 27 de agosto de 1828.

A impopularidade do Imperador crescia. Sua vida dissoluta, seus casos amorosos, a morte da Imperatriz Leopoldina – distanciavam-no das elites, que começavam a sentir que D. Pedro já não correspondia às aspirações mais legítimas

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