História, perguntado por dionetedasilva241, 9 meses atrás

quais as evidências da presença do povo negro em nossa Amazônia​

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Respondido por Claraparauara
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Resposta:Há consenso de que a escravidão é africana e o denominador comum da nação brasileira tem origem nos anos 1930, quando se começam a pensar modernamente as raízes históricas da formação do povo brasileiro. Isso está presente, por exemplo, em Gilberto Freyre e sua ênfase no elemento negro para a formação da família patriarcal. Mas a consolidação desse entendimento se deve, sobretudo, a três autores que, desde então, protagonizaram o discurso historiográfico, a começar com Caio Prado, que inaugura uma maneira materialista de observar a história brasileira, preocupado com a observação da realidade social como totalidade.

Em seu livro Formação do Brasil contemporâneo (1942), Caio Prado (1994) alega que todo povo tem sua própria “evolução”, uma espécie de linha mestra e ininterrupta de acontecimentos que se sucedem em ordem rigorosa e em determinada direção e cujo sentido cabe ao historiador desvendar. No caso do Brasil, essa linha mestra foi o “sentido da colonização”. Afirmava com isso que o motor da empresa colonial no Brasil foi a expansão comercial europeia iniciada no século XV e, portanto, a nossa essência como nação teria se definido por um objetivo que lhe era externo, o país tendo se constituído para fornecer produtos primários para o mercado internacional.

Ao analisar o período entre o final do século XVIII e o início do XIX - ao mesmo tempo, síntese dos três séculos anteriores e elo com o Brasil contemporâneo -, Caio Prado concluiu que todos os aspectos da vida colonial se dispuseram em razão desse objetivo: a produção, as atividades, as relações sociais; e que o seu caráter mercantil implicou três elementos constituintes da estrutura econômica e social da colônia: a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo. Desses, o trabalho escravo é apresentado como sendo a trave mestra, o cimento que unia todas as partes. A organização econômica, o padrão material e moral, tudo se dispunha em função do caráter escravista da sociedade, organicamente constituída por senhores e escravos. E, com isso, o autor inaugura uma longa tradição historiográfica que coloca a escravidão e a vocação exportadora como elementos definidores da nação.

Dentre os estudos mais importantes que derivam dessa proposta está a tese clássica de Fernando Novais (1995), que leva o sentido da colonização às últimas consequências, defendendo que seu “sentido profundo” teria sido, mais do que a exportação de gêneros primários, a acumulação primitiva de capital. Igualmente aqui está presente a ideia de que toda a estrutura econômica e social e o modo de produção da colônia se definiram na sua conexão com o capitalismo comercial. E as peças do designado Antigo Sistema Colonial eram: o exclusivo metropolitano, o trabalho compulsório, mas, sobretudo, o tráfico de escravos africanos.

O tráfico negreiro revelava a engrenagem do sistema mercantilista de colonização: tornando-se ele mesmo um setor rentável da economia, abria um novo e importante meio de acumulação de capital, fazendo os lucros fluírem para a metrópole. Enquanto, ao contrário, um hipotético tráfico de “aborígines” geraria apenas acumulação interna, não interessando ao sistema colonial, para Novais (1995, p.105-6), “é a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão africana colonial, e não o contrário”. Uma afirmação forte e sedutora que de fato exerceu influência marcante na construção de um paradigma que, a despeito de todas as críticas que lhe foram atribuídas, continua definindo um horizonte teórico no qual a escravidão é sempre africana.

Essa mesma chave está na tese de Luiz Felipe de Alencastro (2002), para quem o tráfico negreiro teria sido não apenas um negócio rentável a fazer o capital fluir para a metrópole, mas, ainda, o que permitia articular dominação e exploração colonial. Além de gerar receitas, o trato dos viventes tornava possível o exercício do poder colonial porque permitia à coroa portuguesa controlar a reprodução dos meios de produção da colônia americana (que era a mão de obra importada da África), ligando, assim, as duas margens do oceano. Para Alencastro (2002, p.11-42), o trato negreiro confere unidade ao espaço nomeado Atlântico Sul e impõe uma interpretação “aterritorial” do Brasil. Mais uma vez, aqui, é o tráfico de escravos africanos que explica a escravidão e não o contrário; é ele que dá sentido ao que seria uma sociedade escravista e explica a formação da nação e do povo brasileiro. O tráfico negreiro, nessa perspectiva, transforma a escravidão em escravismo, esse definido como o “sistema colonial fundado na escravidão e ligado à economia mundo”. Sendo seu elemento essencial, teve implicações em todos os aspectos da formação do Brasil: demográficos, político, econômico, cultural.

Explicação: espero ajudar ! Foi oque consegui! ;v

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