quais as diferenças, nas relações senhor/escravo, entre o escravo de ganho e o escravo das fazendas?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Ao tratarmos sobre a condição do escravo no Brasil, somos muitas vezes tentados a salientar repetidamente a situação degradante desses sujeitos históricos. De fato, o trauma causado pelo sequestro na terra natal e a imposição de uma rotina de trabalho acaba justificando tal perspectiva. Contudo, muitas vezes deixamos de salientar a possibilidade de processos dinâmicos que vislumbrem o escravo como uma figura ativa no contexto histórico em que viveu.
Uma questão que pode mostrar esse escravo de outra forma pode ser vista quando tratamos das funções desempenhadas por esses durante e após o período colonial. Em geral, por conta da grande demanda inerente a esse tipo de atividade, muitos escravos eram conduzidos até as propriedades monoculturas envolvidas no desenvolvimento do mercantilismo europeu.
Ao longo do dia, desempenhavam diferentes funções trabalhando nas lavouras e demais instalações da propriedade rural. Ao fim de um exaustivo dia, os escravos eram conduzidos até a senzala para descansar para o próximo dia de trabalho. Nesse local acabavam firmando laços de socialização e, até mesmo, utilizavam daquele momento para promoverem algumas manifestações culturais. Contudo, não podemos nos limitar ao ambiente da lavoura e da senzala quando falamos dos escravos.
Na residência do proprietário, havia uma parcela de escravos que se dedicava ao cuidado das tarefas ligadas ao ambiente doméstico. Geralmente, esses escravos possuíam uma condição de vida relativamente melhor e acabavam também se relacionando mais proximamente com a família de seu senhor. Em algumas pesquisas, temos a descrição de situações em que escravos desempenhavam funções que só eram possíveis por meio de um laço de confiança com seu dono.
Nos centros urbanos, a recorrência desses escravos domésticos também era bastante expressiva. Ao saírem de casa, algumas mulheres pertencentes à elite costumavam vestir suas escravas com luxuosas peças e acessórios para rechaçar sua condição social abastada. Não sendo um espaço ligado à exploração da terra, devemos salientar que as cidades abriam portas para que muitos escravos fossem utilizados em outras atividades econômicas.