Português, perguntado por fabrinamarques479, 1 ano atrás

Quais as consequências da desigualdade social para os personagens do livro " Vidas Secas"?​

Soluções para a tarefa

Respondido por JungMaryh
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Resposta:

Em dois breves parágrafos – os que abrem o primeiro capítulo, Mudança –, o alagoano Graciliano Ramos sintetiza Vidas Secas. Descreve o cenário e apresenta a saga da cachorra Baleia, da mãe Sinha Vitória, do pai Fabiano e de seus dois filhos, que, no decorrer da história, são chamados de “mais novo” e “mais velho”. Sem nome e sobrenome, eles carregam a “identidade” das famílias que ainda hoje vivem o descaso social e a exploração humana no País.

Thiago Mio Salla – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

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O primeiro capítulo de Vidas Secas, “Baleia”, que Graciliano Ramos escreveu em maio de 1937 – Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP

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Escrita em 1938, a narrativa que reflete a aridez do sertão abre uma janela para o leitor. O apuro estético do autor dá liberdade para quem quiser começar a história do final ou do meio ou pelas páginas que escolher. Cada um dos 13 capítulos tem o seu próprio enredo. A estética do romance não propõe fim nem começo. Assim, o escritor, entre os mais importantes da segunda fase modernista, desenha a vida do sertanejo em um círculo. Ou uma espiral. Como uma roda viva.

Para refletir com o leitor empenhado nas leituras para o vestibular, o Jornal da USP entrevista Thiago Mio Salla, doutor em Letras e Ciências da Comunicação e professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. “Para além das exigências da prova, a expectativa é de que o vestibulando se deixe fascinar pela beleza do texto de Graciliano, que, tal como um artesão meticuloso, vai esculpindo e colocando em sequência os quadros da vida de Fabiano, de Sinha Vitória, da cachorra Baleia, dos meninos”, observa Salla. “Ao mesmo tempo, faz ressoar a voz de todos esses personagens juntamente com sua própria voz de narrador, por meio de uma linguagem concisa, substantiva. Paralelamente, espero que os leitores vestibulandos se sensibilizem com a forte mensagem social que dá vida e atualidade ao livro.”

Não se trata de um romance típico sobre a seca, mas sobre vidas secas.

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Título do livro que o escritor alterou para Vidas Secas – Acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP

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“Mais do que a seca causada pela inclemência da natureza, o que oprimiria Fabiano e sua família seriam as relações de dominação estabelecidas pelos próprios homens”, explica Salla. “Por isso não se trata de um romance típico sobre a seca, mas sobre vidas secas. Vidas apresentadas em toda sua complexidade enquanto partes de um processo sistemático de exploração, humilhação e alienação. Em resumo, dessa mescla entre artesania da palavra e problematização de feridas tão vivas da realidade brasileira, o artista extrai sua força, que o engrandece e o coloca como um dos principais artistas de nossa literatura.”

Thiago Mio Salla estuda a vida e obra de Graciliano Ramos há 15 anos. Uma pesquisa realizada no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, que tem a guarda do acervo do escritor. Esse trabalho já resultou em seminários, exposições, artigos e diversos livros, entre eles Garranchos – Textos Inéditos de Graciliano Ramos (Record, 2012), Conversas, em parceria com Ieda Lebensztayn (Editora Record, 2014), doutora em Literatura Brasileira pela USP, e o recente Graciliano Ramos e a Cultura Política: Mediação Editorial e Construção do Sentido(Edusp).

O livro aborda problemas vividos por uma família de retirantes, como a seca, a pobreza e a fome – Retirantes, 1944, de Candido Portinari/Coleção Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

O professor faz questão de apresentar a caixa com os manuscritos de Vidas Secas que está no IEB e à disposição dos pesquisadores. “Aqui está o primeiro capítulo que ele escreveu: Baleia”, diz, apontando o texto original com a ortografia e a caligrafia do autor.

Graciliano escreve:

“A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas.”

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Respondido por nilidis
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Resposta:

Explicação:

Olá, tudo bem?

O exercício é interpretação do texto

As desigualdades sociais são toda a história de Vidas Secas, pro começar tem que se transformar em retirantes, passam fome e toda espécie de privação no caminho. Suas vidas são secas, não tem como aguar.

Saiba mais sobre interpretação de texto, acesse aqui:

https://brainly.com.br/tarefa/25494854

Sucesso nos estudos!!!

Anexos:
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