Sociologia, perguntado por ERIckMv213, 11 meses atrás

q ecossistemas aparece no texto os saguis

OBS E MATERIA DE CIENCIAS

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Respondido por emanuelpe
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Este belíssimo livro irmana ciência, arte e divulgação científica. Trata-se de um desses livros que as grandes empresas publicam para oferecer como brinde de Natal. No caso, é uma empreiteira de grandes obras de engenharia. O seu presidente aproveita a apresentação do livro para justificar a sua atividade. Ao falar dos relatórios de impacto ambiental (RIMA) esquece, entretanto, de dizer que a maioria deles são "frios" e que o destino de todos é repousar na gaveta de algum tecnocrata.

Procura justificar a realização, pelos últimos governos, de grandes obras de engenharia, com o papel que elas teriam em livrar da miséria uma grande parcela da população brasileira, o que os fatos não comprovam. Além disso, se as obras são necessárias ou não, cabe à sociedade e não aos empreiteiros decidir.

O texto dos autores começa com uma crítica ao IBDF, por não dispor de dados sobre a ação antrópica nos diversos ecossistemas, mas podia ter outras. Diversas fotografias são de Estações Ecológicas, que são unidades de conservação da natureza muito mais eficientes do que as do IBDF. Nunca é demais ressaltar essa iniciativa do Prof. Paulo Nogueira Neto, quando esteve à testa da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA). Essas Estações representam uma mudança de mentalidade, conservar e estudar e não apenas conservar os parques até que um incêndio os destrua, como tem ocorrido.

O texto da parte florestal, apesar de revisto por Antônio Houaiss, conserva a personalidade de Rizzini. As fotografias são ótimas e muito bem combinadas. Por exemplo, ocupando um par de páginas aparece, de um lado, dois quatis trepados em duas árvores e do outro, um mata-pau envolvendo o tronco de uma árvore. Parece até que os autores quiseram mostrar que subir em árvore não é privilégio de animal. Em outro par, de um lado um sagüi trepado num galho e do outro, uma grossa liana pendurada numa árvore. Uma preguiça abraçada num tronco e, abaixo, as flores de abricó-de-macaco, que brotam do caule.

Na descrição da mata atlântica destaca-se um aspecto que não foi mencionado na Amazônia, o colorido observado nas diversas épocas do ano, devido à floração das árvores. É que em áreas montanhosas, se observa a floresta vista de cima.

A síntese dos estudos de Roberto Klein, sobre a evolução dos pinhais para floresta atlântica é de leitura muito agradável. Até pouco tempo não se sabia que os pinheirais do sul do Brasil, são uma vegetação de transição.

Muito boa a explicação do que vem a ser cerrado, o que não é de estranhar, pois, Rizzini tem trabalhado muito com esse tipo de vegetação. É também essa sua intimidade com o cerrado que permitiu explicar, de maneira singela, o funcionamento desse tipo de vegetação. Depois de lembrar que as queimadas são um fenômeno universal, mostra que, bem conduzido, o fogo é benéfico à vegetação do cerrado porém, quando exagerado, é calamitoso.

De maneira clara, define o cocal ou babaçual, como uma vegetação degradada pela ação do homem e estimulada pelo fogo.

Considerar a caatinga um mosaico de vegetação é perfeito. Loefgren já chamara a atenção para os dois grupos de espécies, umas permanentes e outras periódicas.

A vegetação do Pantanal designada, nas publicações do IBGE, de "complexo do Pantanal" é, na realidade, complexa. Nele se encontram espécies de vários biomas brasileiros, caatinga, cerrado, mata atlântica e floresta amazônica. O mesmo ocorrendo com a fauna.

Deixamos para o fim o comentário sobre o capítulo que abre o livro, a mata amazônica, porque nele sente-se a falta de familiaridade do autor com a região. Tudo está correto, ainda mais que está citado o primoroso artigo de Murça Pires e Ghillean Prance, do Amazonia (Key environments), analisado nestes Cadernos (Cad. Saúde Públ.,RJ., 4 (1), 1988), mas nota-se pouco desembaraço.

Para nós que estamos na FIOCRUZ, o livro traz ainda uma grata surpresa. O mapa fitogeográfico que ilustra a obra é do Atlas Florestal do Brasil, elaborado em Manguinhos por Henrique Veloso e atualizado pelo próprio, hoje dando colaboração ao IBGE. Isso é mais um exemplo da força do antigo Instituto Oswaldo Cruz, uma vez que Veloso, juntamente com Oliveira Castro, foram os fundadores da ecologia no Instituto.

 

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