Produção textual sobre esfera pública
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Resposta:
A categoria esfera pública é bastante referenciada na literatura e possui um percurso histórico e conceitual marcado por diferentes conceituações e vertentes (Fraser, 1992, Calhoun, 1992, Ferree, Gamson, Gerhards & Rucht, 2002; Crossley & Roberts, 2004, Koçan, 2008; Susen, 2011, Pereira, 2012). O filósofo frankfurtiano de segunda geração, Jürgen Habermas, é para uma ampla literatura o principal teórico desse grupo (Ferree et al., 2002; Lubenow, 2007; Koçan, 2008). Perlatto (2015, p. 123) indica isso ao afirmar: “A primeira formulação sistemática em torno do conceito de ‘esfera pública’ foi realizada por Habermas em sua tese de livre-docência, Mudança estrutural da esfera pública, publicada em 1962”.
Entretanto, apesar da relevância, a esfera pública é um conceito com interpretação variável nas obras de Habermas (Lubenow, 2007). Os principais momentos de discussão são as obras conhecidas no Brasil como “Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa” (original de 1962), “Teoria do agir comunicativo” (1981) e “Direito e democracia: entre facticidade e validade” (1992). Na primeira obra, Habermas (2003) apresenta como buscou na Inglaterra, França e Alemanha do século XVIII e XIX a formação de uma publicidade politizada e mostra o processo pelo qual ela despolitiza-se no século XX (Lubenow, 2007, Perlatto, 2015). De forma geral, o filósofo (2003) apresenta como a esfera pública influenciou a constituição dos Estados Nacionais por meio da formação de uma opinião pública que buscava a publicização das ações do Estado. Sendo assim, o autor utiliza a palavra öffentlichkeit que, segundo Lavalle (2002), seria propriamente traduzida como “publicidade”. Ainda, é importante ressaltar que nas publicações inglesas utiliza-se mais o termo “public sphere” e no Brasil é mais comum o uso do termo “esfera pública” – apesar de algumas traduções utilizarem “espaço público” (Habermas, 2012).
Sabe-se, no entanto, que o conceito de esfera pública vai além das obras de Habermas (Calhoun, 1992, Crossley & Roberts, 2004, Perlatto, 2015), sendo debatido por uma diversidade de autores ao pesquisar temas como democracia, movimentos sociais, opinião pública, relações entre Estado e sociedade civil, mídia, deliberação pública e participação social, sendo assim, categoria central de perspectivas contemporâneas da democracia (Avritzer & Costa, 2004). Portanto, a hipótese inicial que parte dessa constatação é que a produção científica, em esfera pública, parece ser ampla e plural. Ressalta-se que no Brasil, além dos campos da sociologia e da ciência política (Avritzer & Costa, 2004, Perlatto, 2015), esse conceito também ganhou destaque nos campos de administração pública, e, especificamente, gestão social (Tenório, 2005; Cançado, Pereira e Tenório, 2015).
Diante dessas considerações, torna-se relevante conhecer a produção acadêmica sobre a esfera pública: O número de publicações está crescendo? É uma temática interdisciplinar? Quais os autores mais citados e obras mais relevantes? Quais os periódicos mais atentos a temática e quais os debates centrais desenvolvidos a partir dela? Assim, a pergunta central deste artigo é: Como se configura o campo de pesquisas sobre esfera pública? Nesse sentido, o objetivo é analisar como se configura o campo de pesquisas sobre esfera pública. Para tanto, buscou-se a base de dados Web of Science para desenvolver uma pesquisa caracterizada como um estudo bibliométrico com a utilização o software CiteSpace (Chen, 2004, 2006) que, apesar das limitações, avalia a produção científica e permite identificar tendências, categorias emergentes, autores, obras e temáticas centrais (Prado Alcântara, Carvalho, Vieira, Machado, & Tonelli, 2016). Além disso, o CiteSpace permite a visualização gráfica dos resultados (Niazi & Hussain, 2011, Liu, 2013).
Após essa introdução (1), o artigo apresenta um breve escopo teórico sobre o tema (2), metodologia de pesquisa (3) e resultados (4). Por fim, são expostas as considerações finais (5), apontando implicações, limitações e recomendações do estudo.