problemas urbanos de chicago
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Chicago, que na prática é a capital do Meio-Oeste dos Estados Unidos, encerra seu ano mais mortal em quase duas décadas, com mais de 750 homicídios e 3.500 tiroteios.
Em comparação, as duas maiores cidades americanas, Los Angeles e Nova York, registraram juntas 600 homicídios.
Os tiroteios em Chicago, que aumentaram quase 50% em 2016, se concentraram nos historicamente segregados e empobrecidos bairros com predomínio de negros e latinos.
Com a chegada de 2017, há poucas respostas claras sobre como deter este banho de sangue, mas as autoridades da cidade estão analisando vários planos novos ou reciclados.
Armas e gangues
O chefe de polícia de Chicago, Eddie Johnson, passou grande parte de 2016 analisando uma ideia chave: as gangues, as armas e uma força policial defasada eram uma mistura tóxica.
Com o apoio do prefeito da cidade, Rahm Emanuel, Johnson tenta contratar 10 mil agentes adicionais ao longo dos próximos dois anos.
"Teremos um departamento (de polícia) maior, um departamento melhor e mais eficaz", disse Johnson em setembro quando anunciou o plano.
O primeiro grupo de novos recrutas se formará em 2017 e se juntará à força atual, alvo de grandes pressões.
Armas recolhidas em evento promovido pelo Departamento de Polícia de Chicago em novembro — Foto: Joshua Lott/AFP
O departamento enfrenta uma investigação federal de direitos civis, e como resultado dela a maneira como os agentes operam pode mudar, aumentando as incertezas para o novo ano.
A força já tem problemas para lidar com uma reticente população negra. Alguns não cooperam nas investigações de homicídios por medo de represálias ou por desconfiança em relação à polícia.
O departamento resolveu apenas um terço dos homicídios registrados em 2016.
As tensões aumentaram quando um vídeo divulgado no fim de 2015 mostrou um policial branco matando a tiros o adolescente negro Laquan McDonald.
O agente Jason Van Dyke, que posteriormente foi acusado de assassinato, disparou 16 vezes contra McDonald, e continuou atirando com sua arma mesmo quando o jovem de 17 anos já estava caído no chão.
Polícia menos proativa
O alvoroço político resultante levou o prefeito Emanuel demitir o então chefe da polícia, Garry McCarthy, deixando o alto comando do departamento afundado no caos.
Quase ao mesmo tempo, o departamento mudou sua política de parar ou revistar suspeitos, exigindo que os agentes preencham formulários mais complicados.
A atividade policial diminuiu, mas a violência armada não.
"Foi apenas em março-abril que começamos a ver um aumento da atividade" policial, disse à AFP em novembro o porta-voz da polícia, Anthony Guglielmi.
Mas uma dúzia de atuais agentes de Chicago admitiram ao programa de notícias "60 Minutes", da rede CBS, que atualmente eles são menos pró-ativos que no passado.
"Um patrulhamento agressivo, quando você está à procura de pessoas que desrespeitaram a lei, isso não acontece tanto quanto antes", declarou Brian Warner, um ex-agente que assessora os atuais policiais.
Se um departamento de polícia na defensiva contribuiu para elevar a taxa de homicídios, isso ainda é uma questão de debate. Mas a polícia de Chicago alega que a principal questão é como lidar com as quase 1.400 pessoas que protagonizam a maior parte da violência armada.
Voltar-se contra este grupo - identificado através de detenções anteriores por acusações envolvendo armas de fogo e de uma vigilância no mundo real e em grupos nas redes sociais - é efetivo, diz a polícia.
Uma nova proposta, que deve ser aprovada pelo Legislativo estadual de Illinois em janeiro, aumentaria as penas de prisão em caso de reincidência de crimes com armas de fogo.
Teoricamente, se eles estiverem atrás das grades por mais tempo, o número de tiroteios e homicídios diminuirá.
"Nosso maior problema em Chicago é o problema e a cultura das armas, que permitem que os delinquentes cometam um crime armado após o outro. Precisamos de mais responsabilidade", disse o chefe Johnson em novembro.