Principais aspectos sobre a crise na ciencia do inicio do seculo XX
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Resposta:
O paradigma representa um padrão a ser seguido no âmbito científico ou social. Na comunidade científica, inclui crenças, valores, técnicas e teorias partilhadas, sendo influenciado pelos fatores culturais, políticos, econômicos e sociais vigentes.1,2 Portanto, a forma como um cientista vê um aspecto de seu mundo orienta o paradigma em que está trabalhando, e vice-versa, consubstanciando-se em critério de julgamento daquilo que é verdadeiro e real.1,2
Por reconhecer que um processo histórico não se dá linearmente ou de forma brusca, tendo em vista que a história é constituída por avanços, retrocessos, acontecimentos concomitantes, e ainda momentos transitórios, intenta-se que a descrição a seguir tenha uma visão macroscópica. Para tanto, serão trazidos à tona marcos históricos determinantes do paradigma científico e da ideia de ciência atual.
Enquanto paradigma dominante da ciência moderna,3 o positivismo teve suas bases no iluminismo, mas foi semeado ainda no Renascimento, quando ressurgiu a ideia da ciência racionalista da antiguidade. Nesse contexto, século XVI, Copérnico negou o geocentrismo e, em 1610, Galileu confirmou a Teoria Heliocêntrica, utilizando-se de conhecimentos matemáticos e geométricos. Em 1620, Bacon destacou o cunho utilitarista do conhecimento científico, apresentando um método de características práticas, o método indutivo.4
Em seguida, Decartes (1630) reafirmou a ideia do conhecimento científico originário de um rigoroso processo metodológico, enfatizando a ideia da produção do conhecimento a partir da razão.1,4 Com o anúncio deste modelo analítico, denominado posteriormente de reducionista, a busca pelo conhecimento passou ser orientada pelo estudo das partes que, ao serem unidas, fornecem uma visão do todo, modelo entendido nesse período como um mecanismo facilitador da produção do conhecimento. O método cartesiano tornou-se "sinônimo" de método científico a partir da Lei Universal da Gravidade de Isaac Newton (1700).
No início do século XIX, Augusto Comte estendeu esses preceitos às ciências sociais ao declarar que há uma ordem natural imutável, através da qual o cientista social deve se pautar na geração do conhecimento, alimentando a ideologia da neutralidade científica. Nasceu o positivismo, influenciado também pelos mecanismos de produção, a despeito da divisão e especialização no trabalho e, consequentemente, na ciência.
A partir do século XX, o paradigma dominante entra em crise3, passando a ser questionado, sobretudo, a partir da Teoria da Relatividade de Albert Einstein e da Teoria Quântica de Max Planck, desmistificando a ideia do conhecimento científico indubitável.4
Aliado a tais acontecimentos, a transição paradigmática vivenciada também é oriunda da revolução científica iniciada pela física no século XX2, e pela crítica à ciência no pós-guerra. Representa uma crise de verdades e de compreensão da realidade, que gera um descontentamento quanto às concepções e aos métodos existentes de observar o mundo e de fazer sentido nele, processo que dá origem a outras ideias e perspectivas.1
Nesse sentido, apesar de se reconhecer que o desenvolvimento científico trouxe inúmeros benefícios para a vida humana, percebe-se que sua prática desmedida e sem controle contribuiu para o agravo de problemas ambientais e desigualdades sociais, surgindo um modelo de sociedade individualista e desequilibrado. É premente a necessidade de novos princípios norteadores da prática científica, os quais vêm emergindo na ética, na sustentabilidade ambiental, na interdisciplinaridade, na valorização da complexidade, no respeito à subjetividade, à cultura e aos saberes alternativos, culminando na busca de relações mais saudáveis entre o homem e a natureza.