Português, perguntado por robertocarlos1002, 4 meses atrás

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Bons estudos!


8d 15:23:08

Atividade 1
Leia os textos abaixo.



Texto 1



Água viva



[...] Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra.



Quando essa não palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora. Mas aí cessa a analogia: a não palavra, ao morder a isca, incorporou-a. O que salva então é escrever distraidamente.



Por enquanto o tempo é quanto dura um pensamento.



Não é um recado de ideias que te transmito e sim uma instintiva volúpia daquilo que está escondido na natureza e que adivinho. E esta é uma festa de palavras.

Tenho uma voz. Assim como me lanço no traço de meu desenho, este é um exercício de vida sem planejamento. [...]



Quero a experiência de uma falta de construção. Embora este meu texto seja todo atravessado de ponta a ponta por um frágil fio condutor – qual? o do mergulho na matéria da palavra? o da paixão? [...]



LISPECTOR, Clarice. As palavras: nada têm a ver com as sensações, palavras são pedras duras e as sensações delicadíssimas, fugazes, extremas. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2014. Fragmento.



Texto 2



A procura da poesia



[...] Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Estão paralisados, mas não há desespero,

há calma e frescura na superfície intata.

Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.

Espera que cada um se realize e consume

com seu poder de palavra

e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.

Não colhas no chão o poema que se perdeu.

Não adules o poema. Aceita-o

como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada

no espaço.



Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave?



ANDRADE, Carlos Drummond de. A procura da poesia. In: Folha de poesia. Disponível em:

Soluções para a tarefa

Respondido por carollinioliveira92
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