Filosofia, perguntado por olliver685, 6 meses atrás

Preciso de uma resenha do texto "Coisas que se misturam"​

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Respondido por WesleyJuliano12
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Resposta:

​Apenas uma visão ingênua ou excessivamente laicizada refutaria o modo entrelaçado com que religiosidade e política se misturam. Desde o século XVI, para não retroagirmos tanto, são muitos os exemplos de uma relação imbricada entre crenças e posicionamentos políticos. A história das liberdades religiosas e políticas, aspectos necessários e fundantes de uma série de direitos, é marcada por conflitos e conciliações que impactam as decisões das pessoas.  

Toda pessoa, mesmo aquela que não professa nenhuma religião, vive num campo social e cultural marcado por fundamentos sistematizados pelas religiões e, ao mesmo tempo, pelo debate público pautado pelo campo político. Se instados a participar de um plebiscito sobre questões comportamentais, por exemplo, as pessoas tendem a explicitar os confrontos de sua vida e crenças privadas e o dever da manifestação pública.  

A fé, mais do que fenômeno individual, é manifestada coletivamente e, portanto, está na vida pública. A separação entre Igreja e Estado, formalmente estabelecida, fez-se na esteira das liberdades religiosas e na defesa da liberdade de culto. Nas democracias representativas o princípio de reconhecimento de todas as crenças e religiões assegurou um campo de atuação nos quais as religiões podem ingerir em questões civis ou políticas. O Estado, exceto naqueles em que não há liberdade religiosa, é pouco laico e vive sob as frequentes ameaças de forças político-religiosas.    

A visão de Martinho Lutero, a despeito de sua importância para a conquista das liberdades individuais e de consciência, não era muito distante da Igreja que ele combateu. A sua teoria da graça e a noção de pecado existente no mundo o fez defender uma dupla esfera de jurisdição: a espiritual, na qual os justos e eleitos estão protegidos; e a temporal, marcada pela impiedade e pelos riscos da maldade se espalhar pelo mundo e, mesmo assim, o fiel deveria também obedecer ao poder temporal. A sobrevivência de seu movimento, mais do que questão teológica, necessitava do beneplácito de monarcas e outras autoridades terrenas.  

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