preciso de uma resenha crítica sobre o livro enquanto a noite não chega
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Resposta:
É um livro nostálgico, se passa na década de 70, no mesmo período em que foi publicada. Seus personagens são apenas três, um casal fofo de idosos, Dona Conceição - com 86 anos, e Dom Eleutério - com 92 anos, e Seu Teodoro, coveiro da cidade abandonada em que vivem.
A cidade, São Pedro, no interior do Rio Grande do Sul, já teve seus dias de glória, com muitos moradores e comércio, mas o progresso de outras cidades levou todos os moradores embora, assim como todos os filhos do casal, que morreram com o passar dos anos, inclusive os netos, ficando apenas os dois velhinhos. O coveiro fez uma promessa para si mesmo que só iria deixar a cidade abandonada quando o ultimo morador morresse, por isso está lá a habitar um lugar tão inóspito.
Não há luz elétrica, quase não há água, as casa estão em ruínas. Os alimentos do casal estão chegando ao fim pois não passa uma viva alma pelo lugar há muito tempo, eles passam frio a noite e tem como fonte de energia o pouco leite que uma velha vaca fornece e o chimarrão feito com erva reaproveitada.
O livro é triste, com a solidão do casal bem estampada, e se passa em torno das lembranças deles, de como cada filho e neto morreu, na guerra, de doenças, no parto, etc. Eles passam os dias esperando o coveiro vir jantar com eles, um mingau ralo de farinha, e jogar um pouco de conversa fora.Eles passam os dias esperando a morte.
Minha leitura foi povoada da minha própria lembrança, e de como vivemos sem pensar de fato em quanto tempo temos aqui e em como afetamos àqueles com os quais convivemos. Gostei muito do livro, aconselho a leitura para quem gosta de um texto intenso, vivo e que leva a reflexão da solidão de cada um de nós.
O mingau de leite, engrossado com farinha de trigo, recebera dose escassa de açúcar, mas ninguém reparava nesses pequenos detalhes. Seu Teodoro comia em silêncio, mas de repente sentia que não tinha mais fome. Aos poucos, o estomago estava se desacostumando com a comida. Até os sonhos com grandes comilanças haviam sumido. (pg 32)
Havia nos olhos do casal um certo espanto diante das ruínas por que passavam, o mato de dono dos antigos terrenos murados, as casa sem telhado, os olhos cavos das janelas vazias, o inço formando um tapete espeço que há muito engolira ruas e calçadas. (pg 88)
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