Português, perguntado por Monize19743, 9 meses atrás

Preciso de uma redação sobre órfãos bem escrita. Áté 19:00

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Respondido por mme36e7e
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Explicação:

Um processo ainda não percebido em toda a sua dimensão pela sociedade e o Poder Público, mas já vivenciado em consultórios médicos e até em delegacias de Polícia está em curso. Trata-se da orfandade de pais idosos, mas ainda com filhos vivos. Orfandade física e emocional, que revela a individualização cada vez maior da sociedade moderna e o esvaziamento de relações, ritos e celebrações coletivas, especialmente entre familiares. Ampliação de distâncias que a psicoterapeuta paulista Ana Fraiman, uma das maiores especialistas no País na denominada ‘terceira idade’, aponta ter origem no século passado, a partir do pós-guerra.

“Com o cultivo a personalidades e identidades individuais em detrimento de relacionamentos marcados por proximidade e identificação’, diz. Ilustra para modelos de ontem inexistentes hoje. “Até 1950 os alunos compartilhavam de carteiras escolares, os irmãos da mesma borracha. O ensino começou também a focar na individualidade do aluno, mas não propriamente a sua identidade”, pondera.

''IR AO MUNDO''

No crescente a esse desgarramento e décadas seguintes marcadas por revoluções culturais e tecnológicas, pais passaram a ter menos filhos e se instalou a convenção de que os filhos teriam que ‘ir ao mundo e fazer a sua vida’. Prática que colaborou para fragmentar relações, abrir vazios familiares e originar nichos sociais. Culto à independência que na análise de Ana gerou sociedades de direito, mas não de obrigações. “E a ideia pedagógica de que os pais não precisam se privar do tempo em quantidade, bastaria então pouco tempo de qualidade com os filhos”, comenta. Desta forma, a família como se constituía até então, com os filhos devotados aos pais e não só os pais devotados aos filhos, se quebrou. “As agências de Estado vieram tentando substituir esses laços familiares, lançando a ideia errônea de que o Estado iria dar esse amparo aos idosos, através da aposentadoria e de movimentos sociais também discriminatórios. Hoje, sofremos a consequência dessas mudanças todas e maior é o pressentimento de abandono”, diz

Seremos uma sociedade de idosos em breve

Como reduzir o distanciamento

Observando que atividades antes em conjunto passaram a ser feitas em nichos, caso de aniversários de crianças, adolescentes e idosos, com batizados, casamentos e funerais sendo exceções a essa nova assinatura social, Ana Fraiman entende que a ruptura e distância emocional entre pais e filhos – o que leva hoje a idosos isolados – teve colaboração direta dessa própria geração de pais. “A colaboração deles é total, pois ninguém previu o esgaçamento dos laços de pertencimento e de reciprocidade”, afirma.

Mudança que teria que começar nos cuidados com as crianças pequenas. “Está mais do que comprovado que crianças até três anos de idade, criadas pela sua própria família, de relação amorosa com mãe, pai e avós, que brincam tranquilas em casa, a arquitetura cerebral dessas crianças fica favorável a um desenvolvimento maior da inteligência cognitiva e emocional. E o traço principal social é a empatia. Quando a relação é mediada pelo amor, pelo conforto emocional, isso já gera um cidadão lá na frente que passa a enxergar o mundo diferente e cujo paradigma de vida é um bom relacionamento”, contextualiza Ana, mas ponderando que, por se tratar de um problema cultural, a resolução da ruptura emocional entre muitos pais e filhos não se dará no curto prazo.

O rádio como companhia

A orfandade de um idoso pode inclusive ganhar contornos dramáticos, como a história a seguir ilustra. Internada em um abrigo, a senhora M.A., de 77 anos, passa boa parte dos seus dias na companhia de seu rádio de pilha, tendo na música a sua única distração. Diabética e com dificuldades na fala, ela tenta contar que não tem casa e que não tem para onde ir. “Não tenho onde morar, tenho que ficar aqui. Já estou um tempo nesse lugar”. Quando questionada sobre seus filhos, a resposta demora para vir. “Meus filhos estão aí pelo mundo e me largaram”.

Segundo a direção do local, antes de se aposentar M.A. era comerciante. Mas sua situação financeira declinou após ficar viúva. A filha, que ainda vivia com ela, passou a ser usuária de drogas, usando o dinheiro da casa para comprar seus vícios. O outro filho já vivia longe da cidade e nunca mais entrou em contato. Com isso, M.A. passou a ficar maior parte do seu tempo na rua até ser acolhida no lar onde reside desde 2011. “Quando ela foi internada, boa parte da sua pensão já estava comprometida com empréstimos. E nos primeiros meses, notamos que a filha visitava a dona M.A. com o intuito de extorquir ela”, conta a

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