preciso de uma parodia curta de um conto de fadas conhecido. joão e o pé de feijão
Soluções para a tarefa
não ficou curta
Era uma vez, em um reino não muito distante, um trapaceiro chamado João. Mas João não era um daqueles trapaceiros maltrapilhos, com um sorriso sem dentes, não. Muito pelo contrário. Ele sempre dizia que a boa aparência era essencial para o bom andamento dos negócios. Havia comprovado, pela sua nada ínfima experiência, que as pessoas costumavam confiar mais naqueles que lhes pareciam mais merecedores dessa confiança, ou seja, naqueles que andavam elegantes e que por vezes usavam palavras que a maioria era incapaz de compreender. E, verdade seja dita, não havia no reino alguém mais qualificado do que João nesses quesitos. Desde pequeno o garoto tinha um poder de persuasão incrível. Ele fazia promessas para todos, não cumpria nenhuma e sempre conseguia o que queria. Como diziam os mais entendidos: “O menino tem lábia”. Imaginem vocês que as pessoas ao seu redor ficavam condoídas quando João dizia aos prantos que tivera uma infância difícil pois sua mãe nascera analfabeta (peço encarecidamente que me avisem quando nascer uma criança que saiba ler e escrever). Mas o dia em que João alcançou o auge do seu talento foi quando roubou, ou melhor, ganhou os feijões mágicos dos Guardiões da Lei. (Roubar não. Ele nunca rouba, vejam bem.) E é nesse dia que nossa história começa.
Depois disso não foi tão difícil conseguir os quatro feijões mágicos. João só teve que fazer um belo discurso explicando o motivo pelo qual os feijões deveriam ser entregues aos cuidados de uma só pessoa e que ele era o mais indicado para tal tarefa. Quanto aos argumentos utilizados, perdoem-me, mas não tive acesso às atas da reunião. No fim das contas, o que importa é saber que João, o homem do povo, tinha agora o poder necessário para de fato cuidar dos interesses dele. “Dele” povo ou “dele” João. Isso depende do ponto de vista.
O trapaceiro plantou os feijões em uma de suas fazendas e em menos de cinco horas a altura das plantas já ultrapassava a das nuvens. João escalou o enorme caule e mal pôde acreditar no que encontrou lá em cima. Havia dezenas de cachoeiras e milhares de árvores. O céu até parecia mais azul visto dali. Ele imediatamente pensou no que podia ganhar com aquilo.
Ainda meio fora de si, o homem andou em direção à porta e empurrou-a com força. Ela rangeu e, pela primeira vez desde que chegara ao topo, seus pensamentos foram tomados pelo medo de ser morto pelo gigante. João andou devagar, mas não ouviu nada que se parecesse com um monstro da altura de uma torre pronto para partir em pedacinhos qualquer um que ousasse se aproximar de sua propriedade. Depois de um tempo, ele acabou por concluir que ou o gigante morrera ou essa história não passava de uma lenda velha, criada para evitar que pessoas espertas como ele se apropriassem do tesouro. Felicíssimo com a descoberta, tratou de roubar todo o ouro que era capaz de carregar e decidiu que no dia seguinte chamaria algumas pessoas de sua confiança, lideradas por uma companheira sua de longas datas, para escalarem o pé com ele e conhecerem o tão famoso palácio. Por favor, não tomem isso como um gesto altruísta do trapaceiro. É que com mais pessoas seria possível descer com mais riquezas.
Assim, João passou a escalar todos os dias o pé de feijão e a cada dia roubava, ou melhor, se locupletava indevidamente. Algumas pessoas ficavam horrorizadas com a situação, mas não podiam fazer nada porque, tecnicamente, aquele ouro pertencia ao gigante e cabia a ele por fim àquilo, já que somente os Guardiões da Lei tinham autoridade para prender João e eles estavam comendo nas mãos do trapaceiro. A coisa era tão descarada que já havia ultrapassado o limite do ridículo.
Mais de doze anos se passaram e parecia que nada iria mudar. Até que um dia, em um fim de semana, João estava sozinho no pé de feijão (isso porque seus parceiros de locupletamento indevido estavam gastando o dinheiro do gigante na feira do reino próximo). Enquanto caminhava pelo salão principal do palácio ele ouviu um estrondo tão grande que foi capaz de balançar a construção. O coração de João acelerou, suas pupilas dilataram, seu estômago parou com os movimentos peristálticos e ele ficou branco como papel. Todo o seu ser emitia alertas que diziam para correr.
Porém o trapaceiro não foi rápido o suficiente e logo ele pôde ouvir os passos pesados que o seguiam. Ele se virou, atordoado, e não podia acreditar no que seus olhos viam. O gigante! Ele estava lá o tempo todo! E o lado direito da face meio amassado comprovava que ele estava dormindo esse tempo todo! João, é claro, não estava em condições de admirar a beleza da criatura, e não quis dar nenhuma entrevista a esse respeito, muito menos depois de ser mandado para apodrecer na prisão.