Português, perguntado por pereirinhaaa, 8 meses atrás

preciso de uma analise do livro "cronicas de uma morte anunciada", por favor

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Respondido por santarelli14
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Resposta:

O livro Crônica de uma morte anunciada, escrito por Gabriel García Márquez,

publicado em 1981, conta, na forma de uma reconstrução jornalística, o último

dia de vida de Santiago Nasar, num quebra-cabeças envolvente cujas peças vão se

encaixando pouco a pouco através da superposição das versões de testemunhas que

estiveram próximas ao protagonista. É a história do assassinato de Santiago Nasar

pelos dois irmãos Vicario, sem chance de defesa. No romance, quase todos os habitantes

do lugarejo onde vive Santiago, ficam sabendo do homicídio premeditado algumas

horas antes (daí o título), mas não fazem nada de concreto para proteger a vítima

ou impedir os algozes.

O objetivo da obra é o de criticar a mentalidade primitiva que permite que um assassínio premeditado

tenha uma pena irrisória independentemente da sua execução ter ou não sido pressionada pelo costume

e que uma jovem seja violentamente penalizada por não ter o comportamento sexual esperado para a época.

Por outro lado, a intenção é também a de demonstrar a consternação face à incrível quantidade de

coincidências funestas acumuladas que deixam no ar a inquietante reflexão de que “a fatalidade torna-nos

invisíveis”.

O livro também trata do perdão e do tempo, da brevidade da vida e da eternidade dos sentimentos.

García Márquez em Crônica de uma morte anunciada, apesar de relatar os

fatos de forma objetiva e sem grandes divagações, não deixa de recorrer aos sonhos

premonitórios e aos presságios, como que para reforçar o caráter intuitivo quer

do narrador/autor, quer das restantes personagens. O ambiente é mostrado como

potenciador das emoções, sugerindo determinados estados de alma que, associados

a uma capacidade de observação e de ligação de detalhes muito superior à média,

se manifesta numa capacidade, também muito superior, de entendimento que muitos

tendem a classificar como algo de sobrenatural ou mediúnico.

É deste modo que o autor descreve o dia da morte de Santiago como um dia em que

fazia um tempo fúnebre e que no preciso instante da desgraça caía uma

chuva miúda como a que Santiago Nasar vira no bosque, no sonho chuva que

era, na realidade, excremento de pássaro (segundo o autor, sonhar com pássaros

é sinal aziago). Também a irmã do narrador Margot afirma que sentiu passar

um anjo quando Santiago falou acerca do seu próprio casamento, fato que não

se chegou a realizar.

Outro sinal de presença do incrível é a forma que García Márquez dá ao remorso como punição para o crime

e a negligência. O cheiro de Santiago moribundo impregna-se de tal forma nas narinas daqueles que, de

alguma forma tiveram o mais leve resquício de culpa, direta ou indireta, na sua morte atacando-lhes as

consciências como o mais cruel dos fantasmas. O aguilhão do remorso cai, sobretudo, nos dois assassinos

durante o relativamente curto espaço de tempo que passam na cadeia pagando pelo crime, perdendo,

inclusive, a faculdade de controlar o próprio corpo, mas sempre sem perder a lucidez.

Apesar de tudo, é Bayardo quem, para a maioria da população, é visto como a maior vítima.

Para recontruir a estória da morte de Santiago Nasar, García Márquez recorreu

não só à memória mas também a entrevista das pessoas envolvidas aqueles que

estavam, na altura, mais próximos não apenas da vítima mas também dos assassinos,

tentando compor o puzzlle constituído pelos estilhaços da memória.

A partir da morte de Santiago Nasar, são desvendadas as perspectivas e as histórias de algumas pessoas

que de uma forma ou de outra, estiveram ligadas à sua morte. Pois, como já citado, a morte de Santiago,

foi anunciada por toda a vila de Riohacha, apenas ele, permaneceu na ignorância até ao momento em que

foi esfaqueado à porta de casa.

Gabriel García Márquez retrocede e avança no tempo, fazendo do narrador participante

o cronista da tal morte anunciada. Desde o talhante à empregada do café. Do padre

ao delegado da polícia, todos sabiam muito antes de morrer, que Santiago tinha

Pedro e Pablo à sua espera, com as facas afiadas dos porcos. No entanto, por medo,

receio, covardia, comodismo, ou mero sadismo, ninguém avisou Santiago, preferindo

antes observá-lo, inocente, ingênuo, caminhando impávido e sereno para a morte.

Explicação:oi anita :)

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