Preciso De Um Texto Teatral Curto!!
prfv?
Soluções para a tarefa
Dois velhos, Zé Carlos e Zé Augusto estão sentados em um banco de Jardim. Som de chuva.
ZÉ CARLOS
Três dias que não para de chover.
ZÉ AUGUSTO
Lembra, na nossa época quase nunca chovia.
ZÉ CARLOS
E quando chovia a gente podia sair embaixo da chuva que não acontecia nada... Agora, se você sai na rua, morre que nem lesma dentro do saleiro.
ZÉ AUGUSTO
Deus me livre..
ZÉ CARLOS
A dona Eulália morreu assim... Estava estendendo roupa, começou a chover.
ZÉ AUGUSTO
Descansou, descansou.
ZÉ CARLOS
Derreteu todinha Só sobrou os cabelos e as unhas...
ZÉ AUGUSTO
E os dentes?
ZÉ CARLOS
Sobraram também mas não eram originais.
ZÉ AUGUSTO
Na nossa época não tinha nada dessas coisas. A gente podia andar na rua sem guarda-chuva, sem óculos de sol...
ZÉ CARLOS
Você fica falando "nossa época, nossa época.." A gente nunca teve época. Quando a gente era menino a época era dos nossos pais, depois, quando chegou a nossa hora, virou a vez dos velhos, eles faziam bailes, não pagavam ônibus, metrô e ainda recebia uma bom dinheirinho do governo enquanto a gente dava duro e tinha que andar de pé no ônibus. Agora que a gente ficou velho, acabaram as regalias. O governo enfia a gente nesses asilos pra gente ficar mofando..
ZÉ AUGUSTO
E tomando sopa de chuchu, enquanto os jovens ficam na esquina comento batatinha espetando elas com palito de dente.
ZÉ CARLOS
Não tem coisa mais nojenta que ver jovem comendo batatinha espetada no palito de dente.
ZÉ AUGUSTO
Na nossa época que era bom, a gente comia batatinha com a mão, sem essa frescurada.
ZÉ CARLOS
Enquanto os velhos comiam churrasco e bebiam cerveja, caipirinha a época era deles, não nossa...
ZÉ AUGUSTO
A mulher do tempo falou que vai parar de chover amanhã.
ZÉ CARLOS
Elas sempre erram... Dizem que Ribeirão Preto está sem luz.
ZÉ AUGUSTO
Por quê?
ZÉ CARLOS
A chuva derreteu os fios. Black out na cidade... Se continuar chovendo assim.
Ouve-se um trovão. Cena apaga.
CENÁRIO: UMA GARAGEM
AO ABRIR AS CORTINAS, VEMOS NO FUNDO DO PALCO, VÁRIAS PIPAS PENDURADAS EM UM VARAL. NO CENTRO DO PALCO, UMA BANCADA, ONDE UM SENHOR FAZ PIPAS. ENTRA UM JOVEM, DE CABEÇA BAIXA, DIGITANDO AO CELULAR.
Neto – Oi, Vô, tudo bom?
Avô – (LEVANTANDO OS OLHOS) Oi, meu neto! Você não sai desse celular, hein?
O JOVEM DÁ UMA RISADA, ACABA DE DIGITAR E LEVANTA OS OLHOS.
Neto – Caracá, vô! Quanta pipa!! Tu tá vendendo pipa agora, vô?
Avô – (SEM PARAR O QUÊ ESTÁ FAZENDO) Claro que não! Elas todas são pra você! Fiz cada uma delas para você!
Neto – Pra mim?
Avô – É, mas você não veio mais aqui!
Neto – É que agora tenho outras paradas. Sabe como é, né vô?
Avô – Eu sei, meu neto! Menino é igual a uma pipa, quando cresce, tem de voar!
O JOVEM MEXE EM CADA UMA DAS PIPAS PENDURADAS NO VARAL.
Neto – Lembra, vô, como eu ficava vidrado vendo tu fazendo as pipas? Nunca consegui fazer uma, né? Só estragava tudo!
Avô – Não quer tentar de novo?
Neto – Eu não! Não tenho como competidor com o maior fazedor de pipas do mundo.
Avô – Todo mundo sabe fazer uma pipa!
Neto – Pode até saber, mas ninguém é melhor do que meu avô.
O JOVEM VAI ATÉ A BANCADA E ABRAÇA O AVÔ, QUE SEM PARAR O QUÊ ESTÁ FAZENDO, APENAS SORRI.
Neto – Caracá, vô, ver essas pipas todas pendradas me deu uma saudade! Lembra quando tu me levava para soltar pipas? Nunca esqueci disso! Era muito bom!
Avô – E você acha que eu esqueci?
O AVÔ TERMINA A PIPA E A MOSTRA PARA O NETO.
Avô – E então, ficou bonita esta?
Neto – Ficou! Todas são lindas! Queria saber fazer pipas como você, vô!
O AVÔ VAI ATÉ O FUNDO DO PALCO E A PENDURA JUNTO COM AS OUTRAS NO VARAL
Neto – Vô, me deu uma vontade de soltar pipa. Posso pegar uma?
Avô – A que você quiser! Elas são tuas, meu neto!
O JOVEM ESCOLHE UMA DAS PIPAS E A RETIRADA DO VARAL.
Neto – Vou levar essa. Vamos comigo, vô? Não sei se ainda sei soltar uma pipa!!
Avô – Claro, meu neto! Tenho certeza que você ainda sabe!
Neto – Eu já disse que te amo, vô?
Avô – Já me disse sim! Logo quando chegou! Não lembra? Depois eu é que sou velho!!
Neto – Então vamos, vô! Vamos voar!!
O JOVEM SAI DE CENA FAZENDO QUE EMPINA A PIPA.
Avô – E a linha, meu neto? Tem de levar a linha, senão a pipa não voa!
O AVÔ SAI DE CENA LEVANDO O CARRETEL DE LINHA. LUZ CAI EM RESISTÊNCIA. FECHAM-SE AS CORTINAS .