Preciso de um resumo sobre a medicina imperial e sobre a medicina atual
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No século 18, em Portugal, os tribunais da Inquisição não economizaram tinta nas condenações contra curandeiros e terapeutas místicos. Mas, até há pouco, curioso detalhe passara despercebido às pesquisas historiográficas: a perseguição a esses ‘bruxos’ não era, necessariamente, resultado da intransigência dos inquisidores. Documentos indicam que essas condenações tiveram uma motivação mais corporativista. Foram os representantes da então emergente classe médica portuguesa – novos médicos e cirurgiões doutrinados no espírito do Iluminismo – que se aliaram à Inquisição para pedir a cabeça dos curandeiros e seus congêneres. Afinal, havia um mercado em disputa.
Quem analisa a questão é o historiador norte-americano Timothy Walker, da Universidade de Massachusetts-Dartmouth. Ele empreendeu o que chama de ‘trabalho de detetive’: passou anos a fio enfurnado em bibliotecas a vasculhar milhares de arquivos empoeirados. E a busca rendeu o livro Médicos, medicina popular e Inquisição: a repressão das curas mágicas em Portugal durante o Iluminismo. Publicada em inglês há mais de 10 anos, a pesquisa ganha agora a primeira tradução para o português, por uma parceria entre a Editora Fiocruz (Rio de Janeiro) e a Imprensa de Ciências Sociais (Lisboa).