Preciso de um resumo desse texto de Ivan Ângelo "menina"
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Resposta:
RESUMO
Explicação:
Achava péssimo ir à escola, a professora era horrível. As coisas de que mais gostava: pensar sem ninguém perto porque aí podia ir avançando até se perder, brincar de santa, dormir, comer doce. Bom mesmo era fazer nada, nem pensar, mas isso só às vezes conseguia, e era impossível gozar o momento, sempre passado.
Resposta:O conto "Menina" foi escrito por Ivan Ângelo e extraído do livro “Para gostar de ler” – volume 10, da Editora Ática.
Ivan Ângelo explora neste conto, de forma intensa, as inquietações e o sofrido aprendizado de uma menina perspicaz e sensível.
Resumo:
Ana Lúcia, igual a outras crianças, era curiosa, travessa, sempre interrogando sobre tudo e sobre todos. Estava na fase do constante aprendizado da vida: as descobertas, o significado das coisas. Tinha apenas sete anos e por isso sua mãe não lhe explicava certas coisas. Esperava o momento certo para os esclarecimentos.
Gostava de sentar-se concentrada, contar de um a dez ou a doze e esperar algo acontecer. Normalmente, fazia acontecer. Gritar “aaaa” de olhos fechados e, abrindo-os, esperar que o que estivesse acontecendo, concluísse; colocar a mão molhada na testa e sentir a sensação do sangue frio circulando pelo corpo; imóvel e muda, fazer a fruteira de cristal estilhaçar-se no chão com a força do pensamento; preocupar a mãe com chantagem emocional, passando o dia inteiro sem comer, para ouvir com prazer:
“ – Ana Lúcia, você me mata!”
Acreditava que tinha um poder de fazer acontecer certas coisas ruins. Ao ouvir os adultos contarem segredos ou comentarem sobre acontecimentos graves dizia, para si mesma perplexa: “Fui eu. Fui eu que fiz.”
Não gostava de ir à escola e antipatizava a professora. Apreciava ficar sozinha, sem fazer nada, sem ninguém por perto e ir avançando até se perder, brincar de santa, dormir, comer doce.
Suas amigas Tita e Nina usavam uma palavra que ela não conhecia: “papai”. Quando lhe perguntavam por ele, ela respondia sempre como fora orientada pela mãe: “Está viajando”. Até que um dia, Tita a interroga:
“ – Ana Lúcia, seu pai ainda está viajando?”
“ – Está.”
“ – Mentirosa! Sua mãe é desquitada.”
Impotente diante daquela palavra desconhecida ficou muitos dias angustiada, querendo saber o seu significado. Imaginou inúmeras coisas, mas não acertou uma. Desquitada seria parto, burra, feia, flor, rosas, sem-vergonha? Ficou deprimida. Tudo era sombra, mistério. O que seria exatamente?
Na escola, quis perguntar a professora, porém não teve coragem. Ao chegar em casa, observa a mãe absorta em suas costuras, e com o coração acelerado solta quase gritando:
“ – Mamãe, o que é desquitada?”
Era um momento de emoção, muito forte para uma menina. Parecia que o mundo iria acabar ou ela iria morrer.
Reconstruindo o mundo, com uma voz mansa e suave, justificando-se, responde:
“ – Desquitada é quando o marido vai embora e a mãe fica cuidando dos filhos.”
Sentiu-se livre e aliviada. Desquitada não era um insulto. Perguntou-lhe se “marido”era o “pai”, e ela sorrindo confirmou. Agora, o dia parecia mais claro e o céu mais azul. Tudo voltava ao normal. Estava aprendendo cada vez mais.
Sobre o autor:
Ivan Ângelo nasceu em 1936 na cidade de Barbacena/MG. Aos 21 anos iniciou a carreira de escritor na revista cultural Complemento de Belo Horizonte. Seu livro de contos – “Homem sofrendo no quarto” – ganhou o prêmio literário Cidade de Belo Horizonte. Em 1976 ganhou o prêmio Jabuti pelo romance “A festa.” O escritor é também jornalista e escreve, com grande sucesso, para jornais e revistas.