ENEM, perguntado por s6tefari0isandabelo, 1 ano atrás

―Precisa-se nacionais sem nacionalismo, (...) movidos pelo presente mas

estalando naquele cio racial que só as tradições maduram! (...). Precisa-se

gentes com bastante meiguice no sentimento, bastante força na peitaria,

bastante paciência no entusiasmo e sobretudo, oh! sobretudo bastante

vergonha na cara!

(...) Enfim: precisa-se brasileiros! Assim está escrito no anúncio vistoso de

cores desesperadas pintado sobre o corpo do nosso Brasil, camaradas.‖

(Jornal A Noite, São Paulo, 18/12/1925 apud LOPES, Telê Porto Ancona. Mário

No trecho acima, Mário de Andrade dá forma a um dos itens do ideário

modernista, que é o de firmar a feição de uma língua mais autêntica,

“brasileira”, ao expressar-se numa variante de linguagem popular identificada

pela (o):

(A) escolha de palavras como cio, peitaria, vergonha.

(B) emprego da pontuação.

(C) repetição do adjetivo bastante.

(D) concordância empregada em Assim está escrito.

(E) escolha de construção do tipo precisa-se gentes.

de Andrade: ramais e caminhos. São Paulo: Duas Cidades, 1972)

Soluções para a tarefa

Respondido por bialuvizotto
56
E escolha de contração do tipo precisa-se gentes
Respondido por mmachadodeoliveira87
10

Resposta:

(E) escolha de construção do tipo precisa-se gentes.

Explicação:

Na construção “Precisa-se gentes”, há dispensa da preposição de, que, segundo a norma-padrão, deveria constar entre o verbo e o seu objeto. Nesse sentido, percebe-se o emprego de uma construção desviante das prescrições gramaticais lusitanas, o que sugere a valorização de um emprego coloquial e espontâneo da língua por parte dos brasileiros. Embora as palavras cio, peitaria e vergonha tenham carga semântica indecorosa e talvez vulgar, isso não caracteriza um uso dessas palavras de modo abrasileirado e diferente do emprego do português lusitano. Também não se observam características, na pontuação do texto, que remetam à ideia de um uso particular, estilizado e nacional da língua. A repetição do adjetivo bastante não constitui uma exclusividade do português brasileiro. Trata-se de um recurso estilístico observável também no português de Portugal. Não há nenhuma peculiaridade ou autenticidade nessa construção sintática “Assim está escrito” que seja específica.

Perguntas interessantes