práticas cotidianas na educação infantil
Soluções para a tarefa
Explicação:
pois têm um corpo capaz de sentir, pensar, emocionar-se, imaginar,
transformar, inventar, criar, dialogar: um corpo produtor de história e
cultura. Porém, para tornarem-se sujeitos precisam se relacionar com
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outras crianças e adultos. Estar junto aos outros significa estabelecer
relacionamentos e interações vinculados aos contextos sociais e
culturais.
As crianças pequenas se constituem sujeitos marcadas pelo
pertencimento de classe social, de gênero, de etnia, de religião, isto é,
todas as inscrições sociais que afetam as vidas dos adultos também
afetam a vida das crianças. Ao longo de suas existências vão
configurando seu percurso singular no mundo, em profunda
interlocução com as histórias das pessoas e dos contextos nas quais
convivem.
Além de promoverem sua formação através de suas interações,
as crianças também produzem culturas. Tal afirmação implica
compreender que, brincando, são capazes de agirem incorporando
elementos do mundo no qual vivem. Através de suas ações lúdicas, de
suas primeiras interações com e no mundo brincando consigo mesmas
e com seus pares, produzem outra forma cultural de estabelecer
relações sociais. Essas ações e interações, geralmente lúdicas, são
denominadas de culturas infantis e são transmitidas através de
gerações de crianças.
Ao considerar as crianças pequenas é preciso concebê-las como
um todo, incluindo a sua multidimensionalidade. Há uma tendência
educacional bastante comum, de dividir a compreensão integral das
crianças a partir do estudo em separado das áreas de desenvolvimento.
Uma das clássicas subdivisões utilizadas pela Pedagogia no momento
de elaborar as propostas pedagógicas é fragmentar e retirar as crianças
pequenas de seus contextos ao reduzi-las às áreas motora, afetiva,
social e cognitiva. Como se fosse possível fazer uma atividade motora
sem a presença da emoção e da cognição dentro das práticas sociais de
uma dada cultura. A Pedagogia, ao destacar e considerar apenas áreas
estanques, deixa de fora muitas outras dimensões, tão ou mais
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importantes, como a social, a imaginária, a cultural, a lúdica, a ética, a
estética extremamente importantes para a formação humana.
As infâncias
A infância somente existe em complementaridade ou em
contraposição aos demais grupos etários que nossa sociedade produz
isto é, as infâncias se definem em relação aos jovens e também aos
adultos e idosos.
A infância é uma das categorias geracionais mais recentes. É
claro, como dissemos anteriormente, que sempre houve crianças, mas
elas não eram reconhecidas como grupo social com especificidades
próprias. Foi ao longo dos últimos séculos que a idéia da infância como
período separado e diferenciado da idade adulta emergiu. Essa
separação e a polarização propiciaram, por um lado, a valorização do
pensamento de proteção das crianças, como a defesa contra a
exploração pelo trabalho ou o abuso sexual, mas, ao mesmo tempo,
constituiu um controle, às vezes excessivo, sobre as crianças.
O lugar de oposição das crianças frente aos adultos acentuou as
diferenças entre ambos porém, apesar de as crianças possuírem
características distintas das dos adultos, elas também têm pontos de
conexão. As crianças são criativas, sonhadoras e inventivas como
muitos adultos e também estão imersas em problemas e dúvidas como
todas as pessoas.
As relações hierárquicas entre os grupos sociais são uma
realidade perversa presente na história. Os grupos guerreiros
escravizavam os povos derrotados, os homens sempre tiveram grande
poder e controle sobre mulheres e crianças, assim como os brancos, a
partir de uma visão etnocêntrica, sempre se consideraram superiores a
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negros e amarelos. Porém, essas concepções e as práticas delas
derivadas, como a escravidão, a exploração e a submissão, vêm, pouco
a pouco, a partir das lutas sociais, se modificando. E as crianças, como
grupo específico, com pouco reconhecimento e poder social, necessitam
de aliados na busca pela cidadania e pelo direito ao respeito.
O encontro entre gerações, crianças e adultos, é extremamente
importante para o movimento histórico e cultural