Pq a Internet pode ser considerada uma "bomba" para a sociedade?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Á medida que os seres humanos se confundem cada vez mais com a tecnologia e uns com os outros através da tecnologia, as velhas distinções entre o que é especificamente humano e o que é especificamente tecnológico tornam-se mais complexas. Estaremos a viver uma vida no ecrã ou dentro do ecrã?"
(Sherry Turkle, 1995)
O homem, um ser comunicativo por excelência, cedo demonstrou possuir uma capacidade ilimitada de se relacionar com os outros recorrendo a um conjunto de signos culturais propositadamente concebidos para o efeito.
Primeiro, com o próprio corpo, depois, com a escrita, depressa desenvolveu meios cada vez mais eficazes que lhe permitiram ultrapassar não só as barreiras físicas como atingir um número cada vez maior de destinatários. O acto de comunicar e o de construir dispositivos com essa intenção são, de facto, características antropológicas verificáveis em todos os povos ao longo dos tempos.
Nesse sentido, as sociedades humanas têm sido sempre "sociedades de comunicação". As diferenças são marcadas essencialmente pelo grau de complexidade das técnicas de comunicação.
Deste modo, e de acordo com Marshall Mcluhan, o modo de vida moderno , assim como os nossos comportamentos, seriam em grande parte determinados pelos instrumentos existentes no domínio da comunicação.
Dificilmente poderíamos hoje imaginar a nossa vida sem o telefone, a rádio, a televisão ou o computador. A importância crescente que os meios de comunicação adquirem e as transformações que provocam nos nossos estilos de vida levam à colocação de algumas questões, como a que é levantada por Turkle, que "abre" este artigo.
Comunicação em rede
Uma coisa parece clara - vivemos na Era da Informação, a que José Terceiro chama de Infolítico Superior: "A substituição do átomo pelo bit, do físico pelo virtual, a um ritmo exponencial, vai converter o homo sapiens em homo digitalis" (1997:31).
Não que esta designação (Era da Informação e/ou Sociedade da Informação) seja livre de polémicas. Dominique Wolton1, um teórico da comunicação social, considera que a sociedade de informação é um grande contra-senso. Isto, porque a sociedade não conta com a participação de todos, mas também porque a comunicação é mediatizada pelas técnicas, nomeadamente pela internet: "É a diferença entre o sonho de uma sociedade em que todos se falam e uma realidade em que as trocas são controladas por sistemas de técnicas interactivas" (2000:14).
Mas ninguém parece duvidar de que vivemos numa sociedade cuja construção foi influenciada pelo desenvolvimento das telecomunicações e da informática. Desenvolvimento que permite a coexistência de diferentes contextos de trabalho e de vida: um modo de vida tradicional e um outro, mais sofisticado, que parece querer dominar nos países mais desenvolvidos.
Entre uns e outros, o computador aparece como um utensílio facilitador do trabalho, do lazer e da aprendizagem - os produtos multimedia (integração de recursos escritos, sonoros e visuais) possibilitam uma aprendizagem simulada e construtivista, de "navegação pilotada" por quem aprende.
E quando ligado a outros computadores numa rede mundial (ou num sistema de redes), como a Internet, permite a milhões de utilizadores a oportunidade de procurar informação, participar em grupos de debate, transferir ficheiros, trocar correio electrónico, (...). A net é hoje um dos fenómenos comunicacionais de maior popularidade - um meio universal de procura de informação a baixo custo.
Deste modo, o computador, que começou por ser usado como uma " ferramenta " facilitadora de algumas tarefas, transformou-se, nos anos mais recentes, num meio possibilitador de novos comportamentos e atitudes.: " As fronteiras geográficas, culturais, sociais e políticas, que até aos nossos dias definiam os espaços de influência da ordem informativa, parecem, por conseguinte, ruir com a permeabilidade da informática" (Rodrigues, A., 1994:26).
Ainda que virtual, o ciberespaço possui as suas vias de comunicação - as "auto-estradas da informação", os seus divertimentos - a cibercultura, e o seu próprio mercado - a cibereconomia.