POSIÇÃO DE POBRE
Proprietários e mendigos: duas categorias que se opõem a qualquer mudança, a qualquer desordem renovadora. Colocado nos dois extremos da escala social, temem toda modificação para bem ou para mal: estão igualmente estabelecidos, uns na opulência, os outros na miséria. Entre eles situam-se – suor anônimo, fundamento da sociedade – os que se agitam, penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar. O Estado nutre-se de sua anemia; a ideia de cidadão não teria nem conteúdo nem realidade sem eles, tampouco, o luxo e a esmola: os ricos e os mendigos são os parasitas do pobre.
Há mil remédios para a miséria, mas nenhum para a pobreza. Como socorrer os que insistem em não morrer de fome? Nem Deus poderia corrigir sua sorte. Entre os favorecidos da fortuna e os esfarrapados, circulam esses esfomeados honoráveis, explorados pelo fausto e pelos andrajos, saqueados por aqueles que, tendo horror ao trabalho, instalam-se, segundo sua sorte ou vocação, no salão ou na rua. E assim avança a humanidade: com alguns ricos, com alguns mendigos e com todos os seus pobres.
CIORAN, E.M. Breviário de decomposição. Rio de Janeiro, Ed. Rocco, 1989. PP. 113-4.
a)Quais as palavras-chave do texto?
b)Retire do texto dados que caracterizam cada uma dessas palavras.
c)Com as características encontradas no texto, redija uma frase para cada uma das palavras-chave.
d)Sintetize o texto.
Soluções para a tarefa
A) Palavras-chave: ricos (proprietários), mendigos, pobres;
B) Ricos: contrários à renovação, estabelecidos na opulência, parasitas do pobre;
Mendigos: contrários à renovação, estabelecidos em condições miseráveis, parasitas do pobre;
Pobres: categoria intermediária ente ricos e mendigos, perseverantes, esperançosos.
C) Os ricos estão acostumados com o luxo e nada fazem para mudar o imobilismo da sociedade.
Os mendigos estão estabelecidos na miséria e parecem satisfeitos com essa situação.
Os pobres são explorados tanto pelos ricos quanto pelos mendigos.
D) A sociedade está dividida em três classes: o rico, o mendigo e o pobre. O rico vive no luxo, na opulência, e se satisfaz com essa posição muito cômoda. O pobre, explorado tanto por um quanto por outro, é quem, com seu suor anônimo, sustenta o Estado.
Observação: Atente para o título do texto: "Posição de pobre" e não "do pobre". O "pobre" é a classe média.
a) Proprietários (ricos), mendigos e pobres são as palavras-chave do texto.
b) Proprietários (ricos): vivem na opulência e no luxo; são contrários à mudança, à renovação; são parasitas dos pobres; têm horror ao trabalho.
Mendigos: vivem na miséria; dependem da esmola; são contrários à mudança; são parasitas dos pobres; têm horror ao trabalho.
Pobres: estão entre os favorecidos da fortuna e os esfarrapados; são explorados pelo fausto e pelos andrajos; são saqueados pelos que têm horror ao trabalho; são o “suor anônimo”, fundamento da sociedade”; são os “que se agitam, penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar”; são “esfomeados honoráveis”.
c) Contrários a qualquer mudança no status quo, os proprietários são os ricos da sociedade, acostumados a viver no luxo e a explorar os pobres.
Acostumados a viver na miséria, os mendigos também são parasitas dos pobres e contrários a qualquer mudança no status quo.
Os pobres, portanto, são os que mais trabalham e os mais desfavorecidos, pois, encontrando-se, financeiramente falando, entre os proprietários/ricos e os mendigos, acabam explorados por ambos.
d) O texto aborda a divisão de classes na sociedade, colocando como personagens os proprietários/ricos, os mendigos e os pobres. Os primeiros estão acomodados com a riqueza, a opulência, a fartura. Os mendigos, por sua vez, estão acostumados com a miséria, a carência, a escassez. Ambos exploram quem está entre eles: o pobre, que é o “fundamento da sociedade”. Ou seja, é o pobre que trabalha e faz a economia dos países girar. Podemos deduzir que o "pobre" do texto é, na verdade, a classe média.
Texto analisa proprietários e mendigos como exploradores do pobre
O texto apresentado na questão cita três semelhanças entre proprietários/ricos e mendigos: ambos são contrários à mudança, têm horror ao trabalho e exploram o pobre.
Por sua vez, o pobre é apresentado como a classe que trabalha, persevera e espera. O texto coloca esta classe social entre os proprietários/ricos e os mendigos, assim, nos permitindo inferir que o “pobre” do texto, na verdade, é a classe média.
Conheça a divisão de classes de Max Weber em: https://brainly.com.br/tarefa/12964345
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