Posêidon estava sentado à sua escrivaninha e fazia contas. A administração de todas as águas dava-lhe um trabalho interminável. Poderia ter quantos auxiliares quisesse, possuía muitos, aliás; mas, uma vez que levava muito a sério seu ofício, revia mais uma vez tudo e sendo assim os auxiliares o ajudavam pouco. Não se pode dizer que o trabalho o alegrasse; na verdade ele o realizava só porque lhe fora imposto; já havia solicitado muitas vezes tarefas mais prazerosas, conforme se expressava; mas, sempre que lhe faziam propostas diferentes, era manifesto que nada o agradava tanto quanto o cargo que até então ocupara. Era muito difícil, além disso, encontrar outra coisa para ele. Com efeito, era impossível atribuir-lhe algo como um determinado mar; sem mencionar que, neste caso, o trabalho de calcular não seria apenas maior, mas também mesquinho, o grande Posêidon só podia receber um posto que fosse dominante. E, se lhe ofereciam um ofício fora da água, sentia-se mal só com a ideia: seu alento divino se descontrolava, o tórax de bronze oscilava. De resto, não levavam realmente a sério as queixas que fazia; quando um poderoso importuna, é preciso dar a impressão de tentar ceder mesmo nas questões mais sem perspectiva: ninguém pensava em remover de fato Posêidon do seu posto; desde o início mais remoto tinha sido destinado a ser o rei dos mares e assim devia permanecer.
[...]
KAFKA, Franz. Posêidon. In: Narrativas do Espólio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Observe o uso dos artigos em destaque em dois trechos finais do texto: “quando um poderoso importuna” e “destinado a ser o rei dos mares”. A utilização desses artigos trazem ao texto sentidos opostos. Tais sentidos são, respectivamente,
A
de especificação e generalização.
B
de figurativização e indefinição.
C
de generalização e especificação.
D
de definição e concretização.
Soluções para a tarefa
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4
Resposta:
se não me engano a resposta é a letra A
ghabrielvictor5:
n confio em pessoa com foto de japonês
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6
Resposta:
Letra C
Explicação:
O artigo indefinido “um” traz uma generalização: um poderoso dentre vários; já o artigo definido “o” traz uma especificação: o único rei dos mares, Posêidon.
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