Português
1) Não dão poucos os estudiosos que descrevem a literatura de Graciliano como objetiva, seca e concisa. Relendo o primeiro parágrafo, e concordavel com essa descrição porque ?
2) No capítulo há sobreposição de dois planos narrativos (formas de ver e de relatar o acontecimento).
A) Quais são eles ?
B) Que efeito se sentido tem essa sobreposição ?
3) No capítulo, passagens como "Ela era como uma pessoa da família"; "A carga [...] inutilizou uma perna da baleia"; "Defronte do carro de dois faltou-lhe a perna traseira"; "E, perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés"; "Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumirá a existência em submissão" permitem uma infância sobre a forma como Baleia retratada no romance. Qual é ela ?
4) Se lembrar do que é um discurso indireto livre ? Nele, o narrador revela conteúdos pensados ou falados pelo personagem, mas sem a presença das marcas formais do discurso indireto (os verbos dicendi).
A) Localize trechos, construídos com discurso indireto livre e transcreva-os em seu caderno.
B) Na sua opinião, por que Graciliano Ramos empregou esse recurso estilístico em seu texto ?
Soluções para a tarefa
1-) Graciliano ramos usa linguagem formal e regional para realizar um discurso com liberdade de forma , em uma narrativa informal e não linear , usando o foco narrativo de terceira pessoa.
2-) Graciliano Ramos estabelece uma análise uma sobreposição de dois planos interdependentes, mas que podem ser analisados isoladamente.
Tratam-se dos planos
humano e cósmico .
A)Através da paisagem árida, observamos o
lado humano --->a zoomorfização e antropomorfização das criaturas,
Lado cósmico --> os pensamentos fragmentados das personagens
3-)a cachorrinha BALEIA é relatada como uma pessoa quase humana .
A) trechos, com discurso indireto livre
Estirou as pernas, encostou as carnes doídas ao muro.
*Se lhe tivessem dado tempo, ele teria explicado tudo direito. Mas pegado de surpresa, embatucara. Quem não ficaria azuretado com semelhante despropósito?*
*discurso indireto livre*
...(...)"Lembrou-se da casa velha onde morava, da cozinha, da panela que chiava na trempe de pedra. Sinha Vitória punha sal na comida. Abriu os alforjes novamente:*** a trouxa de sal não se tinha perdido. ***
Bem.Sinha Vitória provava o caldo na quenga de coco. E Fabiano se aperreava "...(...)
*discurso indireto livre*
B) Graciliano Ramos empregou esse recurso estilístico em seu texto, porque o ele Graciliano “fala” e “pensa” pelo seu personagem, o Fabiano, que é um homem rude, sem grandes recursos expressivos de fala .
É assim , Graciliano fala por ele e com ele. Usando o discurso indireto livre.
Graciliano Ramos enriqueceu as páginas da obra Vidas Secas com sua linguagem enxuta, concisa. Uma breve análise desse texto vai nos ajudar a compreender e identificar alguns dos recursos que o autor usou.
Vidas Secas
A descrição de Baleia
1. Podemos observar a objetividade e concisão no primeiro parágrafo observando:
- Que a descrição da cachorra Baleia não se afasta do objeto: apenas o descreve.
- Não há rodeios emotivos, reflexões ou devaneios.
Os planos narrativos
2. A narrativa apresenta duas perspectivas:
- a) Um dos planos narrativos trata das reações da família em relação ao animal, o outro trata dos sentimentos da cachorra Baleia enquanto está morrendo.
- b) O efeito de sentido que esse recurso causa é: temos a visualização completa da cena, e sentimos tanto as dores humanas quanto as dores do animal.
Baleia: um animal humanizado
3. As passagens que tratam a cachorra desta forma nos indicam que:
- A família considerava Baleia como um integrante da família, não apenas um animal de estimação
- O animal é igualado ao ser humano no romance, pois não se fala de suas "patas", mas sim de suas "pernas" e "pés".
A presença do Discurso Indireto Livre no texto
4. Esse tipo de discurso, ocorre inúmeras vezes em Vidas Secas.
a) Alguns dos trechos que observamos essa ocorrência são:
- Pobre da Baleia.
- Coitadinha da Baleia.
- Safadinho.
- Que faziam aqueles animais soltos de noite?
b) Este recurso estilístico permite economia de pausas na leitura e reforça o laço entre o narrador e suas personagens, pois:
- Não há nada para delimitar as falas e pensamentos da personagem, como travessões e aspas (discurso direto), ou esclarecimentos de quem está falando (discurso indireto)
- Ao invés disso, o discurso da personagem se mistura ao discurso do narrador
- Isso passa a impressão de que o narrador compartilha das mesmas emoções da personagem
- E o leitor sente como se fluísse pelos sentimentos das personagens e do próprio narrador.
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