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As asas de um anjo
A cena é no Rio de Janeiro e contemporânea.
(CAROLINA defronte de um espelho, deitando nos cabelos dois grandes laços de fita azul. MARGARIDA cosendo junto à janela. ANTÔNIO sentado num mocho, pensativo.)
CAROLINA - É quase noite!...
MARGARIDA - Que fazes aí, Carolina? Já acabaste a tua obra?... Prometeste dá-la pronta hoje.
CAROLINA - Já vou, mãezinha; falta apenas tirar o alinhavo. Olhe! Não fico bonita com os meus laços de fita azul?
MARGARIDA - Tu és sempre bonita; mas realmente essas fitas nos cabelos dão-te uma graça!... Pareces um daqueles anjinhos de Nossa Senhora da Conceição.
CAROLINA - É o que disse LUÍS, quando as trouxe da loja. Tínhamos ido na véspera à missa e ele viu lá um anjinho que tinha as asas tão azuis, cor do céu! Então lembrou-se de dar-me estes laços... Assentam-me tão bem; não é verdade?
MARGARIDA - Sim; mas não sei para que te foste vestir e pentear a esta hora: já está escuro para chegares à janela.
CAROLINA - Foi para experimentar o meu vestido novo, mãezinha... Quis ver como hei de ficar quando formos domingo ao Passeio Público...
MARGARIDA - Ora, ainda hoje é terça-feira.
CAROLINA - Que mal faz!
MARGARIDA - Está bom, vai aprontar a obra; a moça não deve tardar.
CAROLINA - É verdade!
CENA II
MARGARIDA e ANTÔNIO
MARGARIDA - Não sei o que tem esta nossa filha! Às vezes anda tão distraída...
ANTÔNIO - Quantos são hoje do mês, Margarida? MARGARIDA - Pois não sabes? Vinte e seis.
ANTÔNIO (contando pelos dedos) - Diabo! Ainda faltam quatro dias para acabar! Precisava receber uns cobres que tenho na mão do mestre e só no fim da semana... Que maçada!
MARGARIDA - Não te agonies, homem! O dinheiro que deste ainda não se acabou; e hoje mesmo aquela moça deve vir buscar os vestidos que mandou fazer por Carolina.
ANTÔNIO - Quanto tem ela de dar?
MARGARIDA - Três vestidos a cinco mil-réis... Faz a conta.
ANTÔNIO - Quinze mil-réis, não é?
MARGARIDA - Quinze justos. Já vês que não nos faltará dinheiro; podes dormir descansado que amanhã terás o teu vinho ao almoço.
ANTÔNIO - Ora Deus! Quem te fala agora em vinho? Não é para ti, nem para mim, que preciso de dinheiro. (MARGARIDA acende a vela com fósforos.)
MARGARIDA - Para quem é então, homem?
ANTÔNIO - Para Carolina.
Anexos:
Soluções para a tarefa
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Resposta:
1. fábula, pois ela é fantasiosa
2. formal, bem detalhada e dita de uma maneira que nós conseguimos entender o que ele diz, mas não a usamos nos nossos dia a dias
(desculpa se estiver errado esse é o meu ponto de vista)
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