Sociologia, perguntado por luanna249, 9 meses atrás

porque o assistencialismo é criticado pelos estados liberais​

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Respondido por amandajeskehobus
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Resposta:

Explicação:

Atuação indireta pelo estado

Não há consenso entre liberais sobre o tamanho ideal do estado. Alguns defendem a sua extinção, ou ao menos a não-participação voluntária; outros entendem que o estado deva prover serviços mínimos, como segurança pública e justiça; e ainda outros defendem que o estado deva financiar alguns outros setores básicos, como saúde e educação, àqueles que não podem pagar.

Por conta das ineficiências e dos riscos trazidos pelo estado, no entanto, liberais tendem a concordar quanto à diminuição da ação direta pelo estado. Ainda que se queira que pessoas tenham acesso a determinado serviço público, isso não significa que o estado deva provê-lo diretamente.

Por exemplo, imagine-se que queiramos ofertar alimentos a pessoas em extrema miséria. Isso não significa, no entanto, que o estado deva ele mesmo produzir comida e entregar às pessoas. Pode-se proceder, por exemplo, como o bolsa-família, em que simplesmente se entrega o dinheiro diretamente nas mãos de quem precisa. Ou seja: uma coisa é o valor que queremos agregar à sociedade; e outra coisa é a forma de provimento desse valor.

Em geral, pessoas de esquerda costumam concordar com a eficiência da transferência de dinheiro no caso do bolsa-família; o curioso, no entanto, é que elas parecem não aceitar isso quando se fala em saúde e educação. Imaginemos o que seria o bolsa-família se ele seguisse a lógica da saúde, por exemplo, em que tudo — desde os prédios dos hospitais, passando pelos equipamentos e gestão de pessoal — é estatal.

Nesse caso, teríamos fazendas públicas, estoques públicos, centros de distribuição públicos; concursos para agricultores públicos, estoquistas públicos e atendentes públicos; licitações públicas para a manutenção de todos os ativos do programa; escritórios públicos de auditoria e controle; escritórios públicos de apoio (administração, contabilidade, informática) para suportar toda essa operação; e assim por diante.

Teríamos, por fim, uma enorme estrutura burocrática, ineficiente e cara.

Além disso, a entrega direta de alimentos pelo estado prejudica os mercados locais de alimentos, pois dificulta o cálculo e a previsão de demanda que os empreendedores devem fazer para planejar seus investimentos. Ao entregar o dinheiro às pessoas, no entanto, o estado evita essa distorção, e permite que as pessoas continuem agindo nas mesmas estruturas de mercado.

Deve-se considerar ainda que, com a entrega direta de alimentos, o beneficiário não tem qualquer poder; se ele não gostar da qualidade dos produtos, por exemplo, a quem irá recorrer? Como o estado monopoliza o programa social, não haveria alternativa.

No caso da transferência em dinheiro, no entanto, ocorre empoderamento do beneficiário; ele mantém o seu poder de consumidor no mercado, podendo optar pelo melhor — e mais barato — fornecedor de alimentos de sua região.

Direito de escolha e paternalismo

A esquerda costuma aprovar o modelo de provimento do bolsa-família; mas, comumente, não aceita o provimento em dinheiro quando se trata de saúde e educação. Ao liberal isso não parece racional nem justo, e entende que se deva atentar ao que prefere, de fato, a pessoa que receberá o serviço.

Será que a pessoa vivendo a aflição da doença está preocupada em ser curada em um hospital público ou privado? Será que lhe importa o que pensa o sindicato dos médicos? Será que lhe importa se tal política é "neoliberal" ou "privatizadora", de que muitas vezes se a acusa?

A visão liberal tende a responder negativamente essas perguntas; mas suponhamos que haja pessoas que prefiram, de fato, ser atendidas em hospitais estatais. Não há problema; basta que se confira, a todos, o direito de escolha. Quem preferir poderá continuar sendo atendido em um hospital estatal; mas a escolha dessa pessoa não deve obstruir a escolha de outra pessoa que, por exemplo, poderá preferir receber o valor em dinheiro e contratar um plano de saúde privado.

Por fim, o liberal apontará, na visão da esquerda, certa tendência paternalista de arrogar-se saber o que é melhor para os demais. Em vez de empoderar as pessoas e deixá-las fazer as próprias escolhas, a esquerda parece preferir que burocratas definam o que é melhor para a vida dos cidadãos.

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