História, perguntado por gabryelasa80, 11 meses atrás

porque Mussolini comecou a perseguir os judeus?

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Respondido por KarenKakau
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Mussolini e os judeus no início de seu governo  


De acordo com o historiador De Felice, Mussolini pessoalmente não tinha idéias anti-semitas preconcebidas; não tinha especial simpatia, nem antipatia pelos judeus; neles reconhecia toda uma série de elementos e de capacidades no campo econômico-financeiro e, em alguns aspectos, também nutria um grande respeito pelos mesmos como povo. Ao mesmo tempo, não deixava de ter um anti-semitismo tradicional, como muitos homens de sua geração e da sua formação cultural. Esse fato, contudo, não tinha e não teve, até 1936-37, significado político. Além disso havia nele um certo temor, digamos, bastante respeitoso pela “força judaica no mundo”.


Essa sua forma velada de anti-semitismo não teve, porém, conseqüências práticas; não o impediu, por exemplo, de colaborar em publicações de judeus (como em 1908, emPagine libere de Olivetti) e de ter judeus entre seus amigos e colaboradores mais íntimos, como o advogado E. Jarach e Cesare e Margherita Sarfatti. Margherita, durante muito tempo amante do Duce, foi co-diretora da revista fascistaGerarchia e autora da primeira biografia de Mussolini, intitulada Dux.[3]

Sempre segundo De Felice, é sob a luz desses fatos que se deve observar as pouquíssimas tomadas de posição pró-Mussolini dos judeus nesse primeiro período.

Por serem contraditórias e pouco episódicas, parecem ter pouco significado, mas demonstram a falta, em Mussolini, de idéias claras sobre o assunto e a sua dependência da publicidade e da propaganda, geralmente nacionalista e anticomunista, da época.

Entre essas tomadas de posição, as mais significativas – por sua amplitude, se não por outro motivo – são as publicadas no Il Popolo d’Italia[4]  de 4 de junho de 1919, de 19 de outubro de 1920 e de 25 de junho de 1922.

No artigo de 1919, I complici, Mussolini inspira-se nos acontecimentos russos da época para atacar o judaísmo mundial, definindo-o como “a alma” do bolchevismo e, ao mesmo tempo, do capitalismo.


Contrariando o que foi afirmado, no artigo publicado em 1920, Judeus, Bolchevismo e Sionismo Italiano, Mussolini escreve: O bolchevismo não é, como se acredita, um fenômeno judaico. É verdade, porém, que o bolchevismo conduzirá à ruína total os judeus da Europa Oriental. Este perigo enorme e talvez imediato é claramente percebido pelos judeus de toda a Europa. É fácil prever que a decadência do bolchevismo na Rússia será seguida de umpogrom de incríveis proporções...

Ainda no mesmo artigo ...na Itália não se faz absolutamente nenhuma diferença entre judeus e não judeus, em todos os campos, da religião à política, às armas, à economia... A nova Sião, os judeus italianos a têm aqui, nesta nossa adorável terra, que afinal muitos deles defenderam heroicamente com o próprio sangue.   


Em 1922, quando a probabilidade de Mussolini alcançar o poder na Itália se tornava cada vez mais próxima, comentando o assassinato de Rathenau pelo extremismo alemão de direita, ele fez do anti-semitismo um aspecto do pan-germanismo e, como tal, não hesitou em condená-lo. Em seu artigo Rappresaglia, ele escreveu:  ...em síntese, a política de Rathenau era guiada pela necessidade. Mas os círculos extremistas da direita alemã não podiam perdoar duas coisas a Rathenau. Primeiro, a sua diretiva de política externa, que consistia em fazer todo o possível para cumprir as obrigações do Tratado de Versalhes[5] que, entre outras coisas, determinava as fronteiras da Alemanha. Em segundo lugar, a sua origem semita. Para os extremistas alemães de direita, os quais se consideram de estirpe ariana puríssima, era intolerável que um judeu dirigisse e representasse a Alemanha perante do mundo. 

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