porque judeuses e palestinos vivian sempre em conflito?? (texto com 10 linhas)
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Quase que diariamente os jornais do mundo inteiro noticiam os infindáveis ataques mútuos entre israelenses e palestinos e as diversas iniciativas internacionais de tentar promover, sem sucesso, a paz entre os dois povos. O conflitos entre árabes e judeus, apesar de atuais, têm origem milenar e carregam uma longa história de desavenças religiosas e de disputa de terras. "Desde os tempos bíblicos, judeus e árabes, que são dois entre vários povos semitas, ocuparam partes do território do Oriente Médio. Como adotavam sistemas religiosos diversos, eram comuns as divergências, que se agravaram ainda mais com a criação do islamismo no século VII", conta Alexandre Hecker, professor de História Contemporânea da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O conflito mais
recente entre os dois povos se intensificou a partir da Primeira Guerra
Mundial, quando se deu o fim do Império Otomano, e a Palestina, que
fazia parte dele, passou a ser administrada pela Inglaterra. "A região
possuía 27 mil quilômetros quadrados e abrigava uma população árabe de
um milhão de pessoas, enquanto os habitantes judeus não ultrapassavam
100 mil", afirma o professor. A Inglaterra apoiava o movimento sionista,
criado no final do século 19 com o objetivo de fundar um Estado judaico
na região da Palestina, considerada o berço do povo judeu. Segundo
Alexandre, o papel dos ingleses naquele momento era o de criar esse "lar
nacional" para os judeus, que vinham sofrendo perseguições e violências
em todo o mundo, mas sem violar os direitos dos palestinos árabes que
já viviam ali. "Assim, na década de 20, ocorreu uma grande migração de
judeus para a Palestina".
Depois de 1933, com a ascensão do
nazismo na Alemanha e o aumento das perseguições contra os judeus na
Europa, a migração judaica para a região cresceu vertiginosamente. Os
palestinos, por sua vez, resistiram a essa ocupação e os conflitos se
agravaram. Após a Segunda Guerra Mundial e o fim do Holocausto, que
levou ao extermínio de 6 milhões de judeus, a crescente demanda
internacional pela criação de um estado israelense fez com que a
Organização das Nações Unidas (ONU) aprovasse, em 1947, um plano de
partilha da Palestina em dois Estados: um judeu, ocupando 57% da área, e
outro palestino (árabe), com o restante das terras. "Essa partilha,
desigual em relação à ocupação histórica, desagradou os países árabes em
geral", afirma Alexandre Hecker.
Em 1948, os ingleses
finalmente desocuparam a região e os judeus fundaram, em 14 de maio, o
Estado de Israel. Um dia depois, os árabes, insatisfeitos com a
partilha, declaram guerra à nova nação, mas acabaram derrotados. "O
conflito permitiu a Israel aumentar seu território para 75% das antigas
terras palestinas: o restante foi anexado pela Transjordânia (a parte
chamada Cisjordânia) e pelo Egito (a faixa de Gaza)", explica o
professor. Em consequência disso, muitos palestinos refugiaram-se em
Estados árabes vizinhos, enquanto boa parte permaneceu sob a autoridade
israelense. "Outras guerras se sucederam por causa de fronteiras, com
vantagens para Israel e sempre sem uma solução para o problema dos
refugiados". Apesar de algumas tentativas de acordos e planos de paz, a
situação atual ainda é de muito impasse, principalmente pelo fato de os
palestinos, liderados pelo movimento radical islâmico Hamas, não
reconhecerem o direito de existência de Israel. Na opinião de Alexandre,
"a guerra entre palestinos e judeus só terá um fim quando for criado um
Estado palestino que ocupe, de forma equitativa com Israel, a
totalidade do território tal qual ele se apresentava em 1917".