porque imunologia
sempre esteve muito atrelado a
microbiologia
Soluções para a tarefa
O cirurgião francês René Leriche dizia que a “saúde é a vida no silêncio dos órgãos”(1). Nada mais verdadeiro. Quando nos lembramos que temos estômago ou fígado é porque eles não estão funcionando normalmente. Talvez o órgão cujo silêncio seja mais eloquente é o intestino porque ele não somente trabalha diariamente nas suas atividades de absorção de nutrientes mas também em funções imunológicas. Estamos acostumados com a ideia de que o trato gastrointestinal é o local de digestão e absorção dos alimentos, mas há várias décadas os imunologistas mostraram que a mucosa do intestino aloja a maior coleção de células imunes do corpo e que estas estão em atividade contínua, intensa e silenciosa.
Sabemos que a mucosa intestinal humana tem uma área total de 300 m2 dobrados em vilosidades e microvilosidades e que essa vasta superfície de contato do corpo com o meio externo é constantemente banhada por uma camada de muco contendo componentes da dieta e da microbiota (2). Esses estímulos (ou antígenos) naturais não são negligenciáveis. Avalia-se que nós ingerimos aproximadamente 190 gramas de proteínas por dia sendo que uma parte dessas proteínas não é digerida e chega inteira à circulação. Por outro lado, a microbiota intestinal contém 100 trilhões de bactérias comensais de 1200 espécies diferentes com uma atividade metabólica equivalente àquela do fígado e o peso de um verdadeiro órgão do corpo: 1 quilo e meio (3).
A descoberta, nas últimas décadas, de que a microbiota intestinal e os componentes dietéticos exercem funções até então insuspeitas no sistema imune trouxe várias informações importantes sobre as doenças humanas e sobre novas alternativas terapêuticas baseadas na manipulação desses componentes.
Vários componentes da dieta têm ação direta nas células do sistema imune e podem modificar a reatividade imunológica. As proteínas da dieta são estímulos fundamentais no início da vida para a maturação do sistema imune (4) e a ingestão proteica insuficiente, ainda que sem causar desnutrição aparente, pode ter consequências deletérias na imunidade do bebê principalmente no período pós-desmame. As vitaminas A, C e D têm ação direta nos linfócitos e em outras células imunes presentes no intestino estimulando