porque a Inglaterra financiou a independência da América latina no século XIX
Soluções para a tarefa
Resposta:
O imperialismo britânico e a Guerra do Paraguai
Explicação:
Começarei a minha exposição sobre o imperialismo britânico e a Guerra do Paraguai com alguns comentários de caráter genérico sobre as relações da Grã-Bretanha com a América Latina do século XIX, visando a demonstrar que, se de fato a Grã-Bretanha tivesse sido a maior força por detrás da guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, ela estaria adotando política e comportamento totalmente incompatíveis com as políticas e os comportamentos que regiam as suas relações com a América Latina como um todo, naquela época (10).
Por mais de um século desde as guerras napoleônicas e, mais especificamente, desde os eventos dramáticos de 1807-1808 ocorridos na Península Ibérica e que acabaram por causar a dissolução dos impérios americanos na Espanha e em Portugal, até a deflagração da Primeira Guerra Mundial em 1914 a Grã-Bretanha era o agente externo dominante nas questões econômicas e, em escala menor, nas questões políticas da América Latina. O século XIX foi para a América Latina o século inglês. E não é difícil se explicar esse fato. Em primeiro lugar, a Inglaterra tinha estado presente no momento da criação. Os fundamentos da supremacia política, comercial e financeira inglesa tinham sido firmemente lançados por ocasião da formação dos Estados independentes latino-americanos, durante as segunda e terceira décadas do século XIX. Em segundo lugar, de 1815 até 1860 ou 1870, a Grã-Bretanha exercia hegemonia global nunca desafiada e, até 1914, supremacia global um pouco menos intensa. A marinha inglesa governava os mares. Em terceiro lugar, e mais importante que tudo, a Inglaterra, a primeira nação industrial, a oficina do mundo, fornecia a maior parte dos bens manufaturados e de capital para a América Latina. A cidade de Londres, principal fonte de capital do mundo, era responsável pela maioria dos empréstimos concedidos aos novos governos da América Latina e pela maior parte do capital investido na infra-estrutura (sobretudo estradas de ferro), agricultura e mineração da América Latina. A Grã-Bretanha possuía mais da metade de toda a frota mercante do mundo e eram os navios britânicos que levavam a massa dos produtos exportados da América Latina para os mercados mundiais. A própria Inglaterra era um dos mais importantes mercados para os artigos alimentícios e matéria-prima latino-americanos. Em resumo, ao longo de todo o século XIX a Inglaterra era o principal parceiro comercial, o principal investidor e o principal detentor do débito público da América Latina.
Embora relativamente estivesse sempre na periferia das questões mundiais, a América Latina nunca ficou totalmente distante da rivalidade das Grandes Potências. A supremacia política e econômica da Grã-Bretanha foi desafiada de maneira bastante freqüente e consistente pelos Estados Unidos, sobretudo no México, América Central e Caribe, e, nas três décadas anteriores à Primeira Guerra Mundial, pela Alemanha mas nunca chegou a ser seriamente ameaçada. Não havia luta acirrada, nem questão de partilha envolvendo a América Latina. Por outro lado, a não ser por sua tentativa tanto de libertar quanto de conquistar a América Espanhola, através de uma invasão do rio da Prata em 1806-1807 (que foi, pelo menos no seu começo, totalmente não-autorizada e que, de qualquer maneira, só durou cerca de um ano) (11); por suas atividades nas ilhas da baía, ao largo do litoral norte de Honduras, e na costa dos Mosquitos, no litoral caribenho de Honduras e da Nicarágua em meados do século XIX, a Inglaterra nunca se mostrou propensa a assumir as obrigações políticas e militares de um império na América Latina. Como resultado, a América Latina foi a única área do globo a permanecer em grande parte livre do império no final do século .