Por que se diz que a Revolução Constitucionalista foi derrotada, mas também vitoriosa?
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Resposta:
Derrota militar, vitória política. Os rebeldes paulistas que enfrentaram as tropas federais de Getúlio Vargas, de 9 de julho a 4 de outubro de 1932, perderam nas trincheiras, mas puderam comemorar o sucesso de seus ideais, na luta pela liberdade e pela democracia. Foram 84 dias de enfrentamento, período em que o governo central mobilizou mais de 300 mil homens contra um contingente bem menor - cerca de 200 mil voluntários, dos quais cerca de, no máximo, 40 mil em condições de combate.
Morreram mais de mil constitucionalistas, os paulistas revolucionários que exigiam de Getúlio uma nova Constituição, segundo o historiador Hernâni Donato, falecido em 2012. O historiador Marco Antônio Villa fala em 634 mortos constitucionalistas, em seu livro 1932 - Imagens de uma Revolução. O número de vítimas entre as forças federais foi, certamente, bem mais baixo. O adido militar da Embaixada dos Estados Unidos contabilizou um total de 1050 mortos. Não existe um balanço firme e confiável.
Os primeiros paulistas a morrer foram os jovens Euclides Miragaia, Antônio de Camargo Andrade, Mário Martins de Almeida e Dráusio Marcondes de Souza. Seus nomes inspiraram a sigla MMDC, originariamente uma sociedade secreta que se transformaria no movimento responsável pela convocação de voluntários. Os quatro foram metralhados em manifestações de rua, em frente à sede do Partido Popular Paulista, braço político das Legiões Revolucionárias de Miguel Costa, preposto da ditadura.
A partir desse incidente, São Paulo achou que a luta armada era a única saída para derrubar Getúlio Vargas. Os líderes civis da Revolução, entre os quais Armando de Salles Oliveira, Julio de Mesquita Filho e Paulo Nogueira Filho, passaram a conspirar contra o regime, com apoio de outros civis e militares. O general Isidoro Dias Lopes, comandante da Revolução de 1924, quando os paulistas enfrentaram o presidente Artur Bernardes, assumiu o Comando Geral. O general Bertoldo Klinger foi nomeado chefe das operações.
O movimento deveria ser iniciado no dia 14 de julho, mas foi antecipado para o dia, por causa do risco de traição entre os conspiradores. “Às 21 horas do dia 9, já me sentia dono da situação, São Paulo estava em minhas mãos”, relatou mais tarde o coronel Euclydes Figueiredo, designado pela manhã para chefiar a revolta na Capital. O interventor Pedro de Toledo, até aí fiel a Getúlio, renunciou ao cargo e tornou-se governador constitucionalista.