Por que Rousseau criticava seus contemporâneos???
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Resposta:
Entre os muitos pontos polêmicos presentes na vastíssima literatura que busca interpretar a obra de Jean-Jacques Rousseau, destaca-se aquele sobre a unidade do seu pensamento. Parecem-me estar no caminho certo os que afirmam a existência dessa unidade; contudo, gostaria previamente de ressaltar que, em minha opinião, ela se manifesta não apesar das muitas contradições certamente presentes na obra de Rousseau, mas precisamente através do específico e original modo pelo qual ele soube articulá-las numa totalidade dialética1. O objetivo deste ensaio, assim, é o de tentar argumentar em favor dessa unidade num plano específico do pensamento de Rousseau, o de sua teoria política. Para isso, irei sugerir uma leitura conjunta dos dois mais importantes textos rousseunianos de filosofia política, o Discours sur l'origine et les fondements de l'inégalité parmi les hommes (de 1755) e Du contraí social (de 1762)2.
Ainda que esses textos possam parecer contraditórios (muitos intérpretes já se referiram ao suposto "pessimismo anti-social" do primeiro, em contraste com o "otimismo ingênuo" do segundo), penso ser possível demonstrar que uma análise adequada dos conceitos essenciais do Contrato implica uma compreensão prévia da problemática desenvolvida no segundo Discurso. No caso, a precedência cronológica coincide com a precedência lógica ou sistemática: a segunda obra aparece como a pars construens da teoria política de Rousseau, enquanto a primeira é sua pars destruens. É através da articulação entre esses dois momentos (ou "partes") que se forma a totalidade orgânica e unitária da reflexão política rousseuniana: em minha avaliação, o Contrato deve ser lido como a proposta - no nível normativo do dever ser-de uma formação social e política alternativa àquela que aparece no Discurso como fruto de uma análise que se situa no nível do ser. É porque discorda profundamente do ser da desigualdade e da opressão, por ele identificado com a "societé civile" de seu tempo, que Rousseau propõe o dever ser de uma formação social na qual liberdade e igualdade se articulem indissociavelmente: a crítica do presente se completa assim com a proposição de uma utopia alternativa
Explicação:
espero ter ajudado bons estudos