Filosofia, perguntado por liviniasley, 1 ano atrás

Por que podemos, utilizando o exemplo metodológico de investigação da physis nos pré-socráticos, afirmar que a intuição é um caminho legítimo em direção à racionalidade? help

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Respondido por galdino42
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No pensamento pré-socrático não existe uma contradição radical entre intuição e razão, como haveria posteriormente com as obras de Platão, discípulo de Sócrates. 

Assim, eles não consideravam que o ponto de partida de toda investigação filosófica deveria se submeter à racionalidade ou ao discurso racional. A intuição poderia perfeitamente servir de ponto de partida para uma investigação que eventualmente poderia ser guiada de forma racional.

Muitas das teses pré-socráticas tinham mais a ver com as observações do mundo e com intuições surgidas a partir dessas observações do que com tentativas de estabelecer um pensamento com fundamentos racionais, sustentados por qualquer tipo de argumentação racional e por princípios logicamente consistentes.

Vejamos o exemplo de Tales e de sua tese de que "tudo é água", de que o universo (ou a natureza/physis) se origina a partir da água e que esse elemento é parte essencial de todas as coisas que existem. Aristóteles afirmava que Tales chegou a essa tese através de uma intuição: ele observava que muitas coisas dependiam de água ou de coisas úmidas para seu sustento, e teve essa intuição de que a água deveria ter alguma coisa a ver com a própria existência das coisas em geral.

Existem outras versões sobre o que levou Tales de Mileto a essa intuição, mas o importante é a ideia de que a intuição foi o ponto de partida para suas reflexões filosóficas, e não algum tipo de argumentação racional, embora a racionalidade não fosse totalmente excluída da maneira de pensar de Tales e dos pré-socráticos. 
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