Por que os países tem suas dividas perdoadas quando não pagas ?? Qual a preocupação desses países ao perdoar ??
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Explicação:
Existe algum problema em perdoar a dívida externa de alguns dos países mais pobres da África? Mas e se esse perdão significasse o fortalecimento de algumas das ditaduras mais corruptas do mundo? São questionamentos que surgem diante da decisão do governo brasileiro de renegociar ou mesmo zerar a dívida de alguns países, democráticos ou não.
Quando a presidente Dilma Rousseff anunciou, no ano passado, o perdão da dívida de países africanos, não fingiu ser apenas uma generosidade. A presidente disse abertamente que o objetivo era estreitar relações comerciais e abrir portas para multinacionais do Brasil no continente.
A expansão de mineradoras e empreiteiras na África depende de ajuda estatal, e para isso é preciso liquidar as dívidas que não estão sendo pagas, porque o BNDES e o Banco do Brasil não podem financiar projetos em países que deram calote no Brasil. A presidente pretende perdoar ou renegociar a dívida de 12 países africanos, que totaliza quase US$ 900 milhões.
Os beneficiados seriam: República do Congo, Costa do Marfim, Tanzânia, Gabão, Senegal, República da Guiné, Mauritânia, Zâmbia, São Tomé e Príncipe, República Democrática do Congo, Sudão e Guiné Bissau. Os perfis dos Estados e líderes variam muito, mas há em comum a pobreza e as guerras civis e golpes de Estado, que dominaram o cenário da África após a descolonização nas décadas de 50, 60 e 70.
O grande Sudão tem um conflito étnico e religioso que já deixou mais de 200 mil mortos e 2 milhões de desabrigados. Já o pequeno São Tomé e Príncipe não passa de um arquipélago com apenas 172 mil habitantes. São países com recursos naturais mal aproveitados e muito pobres, dominados por famílias e devastados pelo HIV, pelo comércio de drogas e até ameaçados por militantes de al-Qaeda.
Os processos de perdão ou reestruturação de dívidas ainda estão em estudos ou a espera de aprovação no Senado. O Itamaraty diz que os planos vão ser aprovados com a garantia de que os recursos liberados serão aplicados no combate à pobreza, e que é uma prática acordada internacionalmente, com o objetivo de permitir que o peso da dívida não se transforme em impedimento do crescimento econômico e da superação da pobreza. O volume a ser perdoado representa apenas 0,25% das nossas reservas internacionais.
Mas há críticas. Argumenta-se que o Brasil, que não é rico, precisa sim se preocupar com seus próprios pobres. Ou que o governo não deveria gastar dinheiro de contribuintes para ajudar as multinacionais brasileiras na África. “A crítica mais radical que existe na África é que as elites estão muito contentes com isso, porque é uma situação que os permite ficar no poder e apresentar taxas de crescimento bastante importantes, mas sem diversificação econômica”, ressalta Jonuel Gonçalves.
Segundo o sociólogo Pedro da Mota Veiga, essa renegociação não é feita só pelo Brasil. “É uma prática que alguns países fazem, mas mobiliza um conjunto de interesses econômicos e políticos. O Brasil teve, nos últimos anos, uma política muito ativa de aproximação com a África, buscou esse aumento de influência. Mas tem um interesse econômico também. Essa ajuda às multinacionais brasileiras está correta porque o Brasil não tem uma política que facilita as multinacionais brasileiras. O Brasil tem um quadro tributário que foi feito para receber investimentos estrangeiros, não para mandar investimento para o exterior”, afirma.