Por que os índios charruas foram dizimados?
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Resposta:
Antes da chegada dos primeiros colonizadores europeus, no século XVI, o extremo sul do continente americano era habitado por tribos indígenas. Entre elas, a etnia Charrua, cuja origem mais remota corresponde à região patagônica. Esses índios habitavam a Banda Oriental do Uruguai e os pampas argentino e sul-riograndense. Como a sua sobrevivência era baseada, sobretudo, na caça e na coleta de frutos, eram semi-sedentários, se locomovendo pelo território conforme as estações do ano. Devido ao clima frio, a densidade populacional era baixa. Mesmo assim, não existiam vazios geográficos, uma vez que os Charrua aproveitavam os recursos naturais das regiões planas e alagadiças de maneira sustentável.
Não é correto pensar nos Charrua como um povo isolado, física e culturalmente. As interações com os Guaranis aconteciam com frequência ainda que, por vezes, fossem conflituosas. Vínculos parentais entre eles também foram constatados em estudos posteriores. O historiador Eduardo Neumann revela que a tribo Guarani documentou partes de sua trajetória histórica e citou episódios que envolveram os Charrua – geralmente, relatando situações de saqueamento e disputas.
Durante a Guerra de Independência do Uruguai, os índios foram convocados a lutar pelo Estado em formação. Mas os Charrua foram traídos, capturados em emboscadas e massacrados pelas tropas do General Rivera. Eles estavam se tornando elementos de revolta e de inquietação, o que motivou as Guerras de Extermínio, principalmente na década de 30 do século XIX. Morreram, principalmente, os homens, que eram a força principal do grupo; as mulheres e as crianças foram empregadas pelas famílias ricas de Montevidéu e Buenos Aires e pelas estâncias das cidades. Apesar do expressivo número de mortes, o historiador Eduardo Neumann ressalta que o episódio não pode ser chamado de genocídio, mas de etnocídio, uma vez que foi a etnia Charrua que desapareceu. Não havia evidências de sua presença física e os governantes consideravam que, se ainda restassem membros desse povo, eles estariam destinados ao desaparecimento por conta dos imigrantes e da expansão da civilização. Os historiadores Eduardo Neumann e Maria Cristina dos Santos destacam que ocorreu uma espécie de “invisibilização” da etnia Charrua, uma vez que, para sobreviver, os índios precisavam abrir mão da sua identidade em prol de uma identidade indígena genérica.
Os supostos últimos Charrua foram levados por alguns colonizadores europeus como atração circense para Paris, ainda no século XIX. Tratava-se de um grupo pequeno, composto por três homens, uma mulher e um recém-nascido. Era comum povos “exóticos” serem exibidos em zoológicos, circos e exposições na Europa. O arqueólogo Klaus Hilbert acrescenta que o grupo Charrua “foi recebido como sanguinário, rebelde e comedor de carne humana”. Eles morreram dentro de poucos anos, por fome e doenças infecciosas.