por que os desenhos de leonardo da vinci e andreas vesalius foram importantes para a ciencia
Soluções para a tarefa
Resposta:
Um dos aspectos inovadores do livro de Vesalius é o extenso uso de ilustrações. Como premissa a sua discussão a respeito disso, Saunders e O'Malley comentam (p. 27):
A Renascença viu surgir, no campo da arte, um novo dogma da teoria estética, segundo o qual uma obra de arte é uma representação direta e fiel dos fenômenos naturais. Essa concepção exigia que o artista se familiarizasse com a estrutura e as propriedades físicas dos fenômenos naturais a fim de retratá-las objetivamente e conhecesse as regras da perspectiva e da matemática a fim de obter a exatidão representativa. A Arte tornara-se científica. Nos séculos XV e XVI, a nova teoria estética achava-se totalmente definida e era aceita universalmente; portanto, era perfeitamente lógico que, em seus estudos da natureza, artistas como Andrea del Verrocchio, Andrea Mantegna, Luca Signorelli, Antonio Pollaiuolo, Leonardo da Vinci, Albrecht Dürer, Michelangelo Buonarrotti e Raffaello Sanzio, para mencionar apenas alguns, se dedicassem com entusiasmo ao estudo detalhado do corpo humano.
Explicação:
Resposta:
Leonardo da Vinci realizou investigações anatômicas entre 1485 e 1515, datas aproximadas que marcam seus primeiros estudos sobre ossos, músculos e nervos, realizados em Milão, e seus últimos estudos sobre o feto humano, realizados em Roma.1 No dia 10 de outubro de 1517, em visita a Cloux, onde Leonardo vivia a convite de Francisco i, Antonio de Beatis, secretário do cardeal Luis de Aragon, escreveu que Leonardo compusera volumes "a respeito de membros como músculos, nervos, veias, articulações, intestinos e de quanto se pode pensar tanto de corpos de homens como de mulheres, de modo que ainda não foi feito por outra pessoa, conforme vimos com nossos olhos". Leonardo disse então a Beatis que havia feito a anatomia de "mais de trinta corpos entre homens e mulheres de todas as idades", e Beatis ainda menciona que havia uma "infinidade de volumes" escritos "todos em língua vulgar, os quais se vierem à luz serão úteis e muito prazerosos" (apud Chastel, 1987, p. 243). Os manuscritos não foram publicados como Beatis esperava. Após a morte de Leonardo, ocorrida em 1519, seu aluno Francesco Melzi levou-os de volta para a Itália e compilou o Livro de pintura, que circulou sob a forma de cópias manuscritas. Após a morte de Melzi, ocorrida em 1570, seu filho Orazio começou a dispersar os manuscritos de Leonardo da Vinci. Por volta de 1590, o escultor Pompeo Leoni adquiriu diversos manuscritos e fólios soltos. Da coleção pertencente a Leoni, ainda existem diversos manuscritos inteiros, talvez como estavam na época de Leonardo. Leoni também desmontou manuscritos, organizando dois grandes volumes. O primeiro intitula-se Disegni di machine et delle altre secreti et altre cose di Leonardo da Vinci raccolti da Pompeo Leoni. Esse é o conhecido Codice Atlantico, pertencente à Biblioteca Ambrosiana de Milão, e contém principalmente estudos de máquinas, como seu título sugere. O segundo tem por título Disegni di Leonardo da Vinci restaurati da Pompeo Leoni. Esse volume chegou à Inglaterra no século xvii, possivelmente através de Thomas Howard, conde de Arundel, que desde então pertence à família real inglesa, estando depositado na biblioteca do Castelo de Windsor. Esse volume contém a principal coleção de desenhos de Leonardo da Vinci, incluindo praticamente todos os estudos de anatomia.
Excetuando o Livro de pintura, publicado em Paris em 1751 e conhecido desde então como Tratado da pintura, os textos de Leonardo da Vinci ficaram praticamente desconhecidos até o final do século xix. As primeiras edições foram feitas por Ravaisson-Mollien, Beltrami e Piumati por volta de 1880, e desde então a obra de Leonardo está disponível em diversas edições. Especificamente a respeito da anatomia, as primeiras duas edições foram publicadas por Sabachnikoff e Piumati (Leonardo da Vinci, 1898, 1901). A terceira edição foi publicada em seis volumes por Vangensten, Fonahan e Hopstock, e contém os fólios de Windsor não publicados anteriormente (Leonardo da Vinci, 1911-16).
Moeller publicou, em 1930, um fólio de uma coleção em Weimar que possivelmente pertenceu ao volume organizado por Leoni, e existem outros fólios e esboços soltos de anatomia, como, por exemplo, no caso de dois fólios do Codice Forster III. Existem três outras edições do corpus de estudos de anatomia. A primeira foi feita por O'Malley e Saunders (1952) e ainda se encontra disponível, tendo recebido reimpressões em 1982, 1983, 1997 e 2003. A segunda está na edição do catálogo de desenhos de Windsor feita por Clark e revisada por Pedretti (1969). A terceira foi feita por Keele e Pedretti em 1978-80 e 1980-85, sendo a atual edição de referência. No terceiro volume dessa edição, estão citados e comentados os demais estudos de anatomia de Leonardo da Vinci, os quais consistem, em sua maior parte, em pequenos esboços em fólios que tratam de matérias diversas.
O conjunto de fólios que aqui se apresenta é inédito em português e faz parte de um projeto de publicá-los integralmente, acompanhados de introduções e comentários. Na introdução a seguir, aponta-se em especial para a formação da "ciência visual" de Leonardo da Vinci, fruto de um contexto cultural específico no interior do qual se considera as matérias anatômicas aqui apresentadas.