Por que os brasileiros tem tanta dificuldade em apreciar sua própria cultura?
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Prezado,
A dificuldade dos cidadãos brasileiros em apreciar a cultura nacional apresenta uma complexidade de causas e influências, com forte relação com a história de nossa nação.
É possível refletir que somos um país de colonização de exploração, ou seja, os europeus que vinham ao Brasil tinham por objetivo o enriquecimento rápido e o retorno a Portugal. Nesse sentido, a imagem do estrangeiro da Europa era a de uma pessoa rica ou que se tornaria assim através do uso da terra, das pessoas e dos recursos naturais de nosso país. Além disso, as principais decisões eram tomadas fora do Brasil, diminuindo a autonomia da população local e a capacidade deste em decidir seu futuro.
A enorme desigualdade social, com pouquíssimas pessoas sendo donas de quase tudo também contribuiu para isso, haja vista que as manifestações culturais valorizadas eram as dos europeus, sendo combatidas as dos índios e dos negros (imagine a reação da maior parte das pessoas ao debaterem sobre as religiões de matriz africana ou as expressões relacionadas aos indígenas, como "programa de índio"). Estes, apesar de serem a maioria da população não possuíam sequer sua liberdade, sendo tratados enquanto objetos para atingir o interesse dos europeus. Assim, a cultura reconhecida e estimulada era a da metrópole, não a da colônia
Nesse sentido, a própria elite intelectual do Brasil era formada em Portugal, haja vista não termos sequer uma universidade, ao contrário das colônias hispânicas, que dispunham de instituições de ensino superior antes de nós. Dada a concentração de saber e riquezas nas mãos de poucos, estes buscavam se diferenciar da cultura da massa ao exibir e valorizar as produções europeias, inacessíveis para a grande maioria, buscando, assim, diferenciar-se e segregar.
No último século, a população brasileira foi exposta às produções cinematográficas de países desenvolvidos que demonstravam uma realidade muito superior à fome e ao abandono naturalizados nos quais a maior parte da população vivia, o que contribuiu - e contribui - ainda mais para a baixa autoestima de nosso povo do ponto de vista cultural.
Portanto, esse problema está, intimamente, relacionado com a situação de desigualdade social, nossos valores, ideologia, bem como nossa história.
Uma sugestão para o enfrentamento desse problema está no estímulo ao consumo de bens culturais nacionais, como livros, filmes, revistas, canções e apresentações culturais. É necessário, ainda, que o assunto seja levado para reflexão em sala de aula, de maneira que as pessoas tomem mais consciência dos valores e ideologia relacionados às nossas escolhas e opiniões. É através da valorização cultural própria que nós mesmos ganharemos mais valor, aos nossos olhos e aos dos demais. Pessoalmente, o encontro com o cordel foi uma experiência que me permitiu isso.
Para refletir um pouco mais sobre isso, sugiro que veja algum dos vídeos de Ariano Suassuna. Minha sugestão é "Você foi a Disney?".
Bons estudos!
A dificuldade dos cidadãos brasileiros em apreciar a cultura nacional apresenta uma complexidade de causas e influências, com forte relação com a história de nossa nação.
É possível refletir que somos um país de colonização de exploração, ou seja, os europeus que vinham ao Brasil tinham por objetivo o enriquecimento rápido e o retorno a Portugal. Nesse sentido, a imagem do estrangeiro da Europa era a de uma pessoa rica ou que se tornaria assim através do uso da terra, das pessoas e dos recursos naturais de nosso país. Além disso, as principais decisões eram tomadas fora do Brasil, diminuindo a autonomia da população local e a capacidade deste em decidir seu futuro.
A enorme desigualdade social, com pouquíssimas pessoas sendo donas de quase tudo também contribuiu para isso, haja vista que as manifestações culturais valorizadas eram as dos europeus, sendo combatidas as dos índios e dos negros (imagine a reação da maior parte das pessoas ao debaterem sobre as religiões de matriz africana ou as expressões relacionadas aos indígenas, como "programa de índio"). Estes, apesar de serem a maioria da população não possuíam sequer sua liberdade, sendo tratados enquanto objetos para atingir o interesse dos europeus. Assim, a cultura reconhecida e estimulada era a da metrópole, não a da colônia
Nesse sentido, a própria elite intelectual do Brasil era formada em Portugal, haja vista não termos sequer uma universidade, ao contrário das colônias hispânicas, que dispunham de instituições de ensino superior antes de nós. Dada a concentração de saber e riquezas nas mãos de poucos, estes buscavam se diferenciar da cultura da massa ao exibir e valorizar as produções europeias, inacessíveis para a grande maioria, buscando, assim, diferenciar-se e segregar.
No último século, a população brasileira foi exposta às produções cinematográficas de países desenvolvidos que demonstravam uma realidade muito superior à fome e ao abandono naturalizados nos quais a maior parte da população vivia, o que contribuiu - e contribui - ainda mais para a baixa autoestima de nosso povo do ponto de vista cultural.
Portanto, esse problema está, intimamente, relacionado com a situação de desigualdade social, nossos valores, ideologia, bem como nossa história.
Uma sugestão para o enfrentamento desse problema está no estímulo ao consumo de bens culturais nacionais, como livros, filmes, revistas, canções e apresentações culturais. É necessário, ainda, que o assunto seja levado para reflexão em sala de aula, de maneira que as pessoas tomem mais consciência dos valores e ideologia relacionados às nossas escolhas e opiniões. É através da valorização cultural própria que nós mesmos ganharemos mais valor, aos nossos olhos e aos dos demais. Pessoalmente, o encontro com o cordel foi uma experiência que me permitiu isso.
Para refletir um pouco mais sobre isso, sugiro que veja algum dos vídeos de Ariano Suassuna. Minha sugestão é "Você foi a Disney?".
Bons estudos!
leonardobrague:
Muito obrigado.
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