por que o governo do Brasil ficou devendo dinheiro aos banqueiros ingleses
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O Banco Central (BC) divulgou na quinta-feira 31 estatísticas atualizadas sobre as contas públicas. O Brasil, diz o relatório, deve ao chamado “mercado” 35% das riquezas que gera em um ano (PIB). É uma das menores “dívidas líquidas” do mundo e a mais baixa do País, se comparada às que o BC registrou no fim de cada um dos últimos onze anos. O mesmo documento mostra o Brasil devendo 58% do PIB, quando a conta é feita por outro critério, o da “dívida bruta”. Neste caso, a situação não é tão confortável nem na comparação internacional, nem em relação ao histórico nacional.
Os organismos estrangeiros que vigiam as contas brasileiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), têm dado importância crescente à “dívida bruta”, como nunca ocorrera desde que o País conferiu transparência total às estatísticas, na década de 90. O novo foco do FMI em particular e do sistema financeiro em geral tem sido usado como um dos principais argumentos na defesa de que o Brasil adote um duro arrocho fiscal, a fim de evitar riscos de calote no futuro.
Mas qual é a diferença entre as duas dívidas? E por que o “mercado” parece ter deslocado a mira?
A “dívida bruta”, hoje em 2,7 trilhões de reais, engloba todo tipo de débito do Estado brasileiro: títulos públicos vendidos ao “mercado”, empréstimos bancários, empréstimos feitos por organismos internacionais, débitos estaduais e municipais assumidos pelo governo federal.
Já no cálculo da “dívida líquida”, de 1,6 trilhão de reais, desconta-se tudo o que o País já tem em caixa – seja em reais depositados aqui, seja em dólares mantidos no exterior – ou vai receber no futuro. Inclusive aquilo que vai receber do mesmo “mercado” de quem o Brasil é devedor.
As duas dívidas tiveram queda substancial nos últimos anos, por duas razões. O governo passou a fazer elevados pagamentos mensais de juros utilizando dinheiro de tributos, o chamado superávit primário. E diminuiu as taxas de juros da dívida.