Filosofia, perguntado por samuelaires511, 7 meses atrás

por que filosofar é defender a liberdade​

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Respondido por FELIPESOUPROP
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Resposta:

Em 1967, depois de defender uma dissertação de mestrado sobre Merleau-Ponty, fui contratada como professora do Departamento de Filosofia e, em outubro daquele ano, fui enviada à França como bolsista para completar minha formação, sob a orientação de Victor Goldschmidt. Seguindo, portanto, a tradição de nosso Departamento, eu deveria finalizar meus estudos de pós-graduação numa universidade francesa e iniciar as pesquisas de meu doutorado sob a supervisão daquele que também fora orientador de vários de meus professores brasileiros.

Mas havia uma pedra no meio do caminho. Não feriu minhas retinas cansadas, como acontecera ao poeta, mas levou-me a percorrer outras sendas. A pedra foi maio de 1968 e tudo o que ano de 1968 significou mundo afora, de Paris a Praga, de São Paulo a Berkeley, do Paralelo 27 ao Araguaia.

Para uma jovem brasileira, que deixara um país esmagado pela ditadura e no qual a esquerda apenas clandestinamente cochichava, pouco antes de ser dizimada pelo terror de Estado, a experiência de maio de 1968 permaneceria indelével, um marco no pensamento, na imaginação e na memória. Pertenço, pois, à geração de que fez seu aprendizado político nos acontecimentos da Primavera de 1968, isto é, quando uma brecha se abriu e parecia possível a reinvenção do político.

Em outubro de 1968, como um dos efeitos de maio, abriram-se as portas de uma universidade nova, uma universidade crítica na qual se reuniam e debatiam as esquerdas do mundo inteiro, dos anarquistas aos comunistas, dos socialistas aos trotskistas, dos social-democratas aos maoístas. Nascia a Universidade de Vincennes. No dia Primeiro de Outubro, ouvimos a aula inaugural proferida por Herbert Marcuse. No início da tarde, Michel Foucault iniciou um curso que antecipava o que viria a ser a Microfísica do poder. No final da tarde, Deleuze deu início ao seu curso sobre Espinosa. Eu estava em Vincennes no dia em que suas portas se abriram com a promessa da reinvenção da universidade.

Podem todos imaginar minha emoção e, mais do que isso, que tenha ficado estupefata quando a Universidade de Paris VIII propôs e me concedeu o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia. Como, em minha vida de estudante engajada, eu poderia imaginar que um dia voltaria a Vincennes para receber uma tão grande honra?

Mas não só isso. Se me sinto profundamente tocada pela honra que me fizeram é porque pertenço a um Departamento de Filosofia instituído por uma missão francesa de que faziam parte Martial Guéroult e Jean Maugüé, no qual fui aluna não somente de professores que foram alunos de Guéroult e de Maugüé, como o professor Lívio Teixeira, mas também de Gilles Gaston Granger, Michel Debrun e Gerard Lebrun; e de um Departamento ao qual retornou um de seus primeiros professores, Claude Lefort, que seria para mim fonte constante de inspiração e de estímulo para meu trabalho. A honraria que recebi me torna grata aos meus professores franceses, mas também faz com que eu me sinta dividida entre a surpresa e a alegria de me ver colocada ao lado deles, como se eu tivesse realizado um trabalho acadêmico que me tornasse seu par.

Explicação:

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