Artes, perguntado por camilaoliveiraa1000, 6 meses atrás

Por que as obras de Hélio Oiticica tem características diferentes das obras dos outros artistas? *​

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Respondido por aluno444589
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Resposta:

Uma das primeiras obras do artista é a série de guaches sobre papel denominada, nos anos 1970, meta esquemas. Iniciada em 1957, essa série, segundo Oiticica, já apresenta o conflito entre o espaço pictórico e o extrapolatório, prenunciando a posterior superação do quadro. Assim, em 1959, o artista marca o início da transição da tela para o espaço ambiental, o que ocorre com os Bilaterais – chapas monocromáticas pintadas com têmpera ou óleo e suspensas por fios de ‘náilon’ – e os Relevos Espaciais, suas primeiras obras tridimensionais.  

Em 1960 participa da 2.ª Exposição Neoconcreta no Rio de Janeiro e cria os primeiros Núcleos, também denominados Penetráveis – placas de madeira pintadas com cores quentes e penduradas no teto por fios de ‘náilon’. Neles, tanto o deslocamento do espectador quanto a movimentação das placas passam a integrar a experiência. O espectador já é participante ativo nos Núcleos, mas essa participação é radicalizada pelo artista em 1963, em suas primeiras estruturas manuseáveis, os Bólides – recipientes que contêm pigmento –, resultado da vontade de dar corpo à cor e acrescentar à experiência visual outros estímulos sensoriais.

No fim da década de 1960 começa a colaborar com a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Envolve-se com essa comunidade, e, dessa experiência, nascem os Parangolés, a obra mais conhecida de Oiticica. São tendas, estandartes, bandeiras e capas de vestir que fundem elementos como cor, dança, poesia e música e pressupõem uma manifestação cultural coletiva. O próprio artista assim os define: "Chamarei então Parangolé, doravante, a todos os princípios formulados aqui [...]. Parangolé é a antiarte por excelência; inclusive pretendo estender o sentido de 'apropriação' às coisas do mundo com que deparo nas ruas, terrenos baldios, campos, o mundo ambiente enfim [...]"1.

Em 1967, as questões levantadas com o Parangolé desembocam nas Manifestações Ambientais, com destaque para as obras Tropicália (1967), Apocalipopótese (1968) e Éden (1969). A Tropicália, apresentada na exposição Nova Objetividade brasileira, no MAM/RJ, é considerada o apogeu de seu programa ambiental – é uma espécie de labirinto sem teto que remete à arquitetura das favelas e em seu interior apresenta um aparelho de TV sempre ligado. Depois que o compositor Caetano Veloso (1942) passa a usar o termo tropicá lia como título de uma de suas canções, ocorrem diversos desdobramentos na música popular brasileira e na cultura que ficam conhecidos como tropicalismo.

O projeto Éden – composto de Tendas, Bólides e Parangolés como proposições abertas para a participação e vivências individuais e coletivas – é apresentado em Londres, em 1969, na Whitechapel Gallery. Considerada sua maior exposição em vida, é organizada pelo crítico inglês Guy Brett (1942) e apelidada de Whitechapel Experience. Com essa espécie de utopia de vida em comunidade surge a proposição Crelazer, ligada à percepção criativa do lazer não repressivo e à valorização do ócio.

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