História, perguntado por indleal15, 10 meses atrás

por que as independências na África não significaram o fim do imperalismo no continente??​

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Respondido por szkira35
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Resposta:

Com o desenvolvimento industrial dos séculos XIX e XX, as potências mundiais iniciaram uma disputa acirrada por maiores mercados consumidores e fornecedores de matérias primas e, acima de tudo, buscaram regiões onde pudessem investir o capital excedente gerado pela crescente produção industrial. A esse processo dá-se o nome de Imperialismo.

Nesse contexto, os países europeus (principalmente Grã-Bretanha, França, Holanda, Bélgica e Alemanha) se digladiavam a fim de conquistar colônias pelo mundo a fora, principalmente na Ásia e na África. Como a Grã-Bretanha possuía a maior marinha e tinha sido o primeiro Estado a se industrializar, acabou saindo na frente, e se tornando a mais poderosa potência imperialista da época.

Em contrapartida, nesse novo contexto, Portugal, que já tinha possuído um grande império colonial, lutava para não perder suas antigas colônias.

A partilha da África

Desde o século XV, os principais interesses dos europeus na África eram o acesso a mão de obra escrava e a compra de alguns produtos, como o ouro e o marfim. Dessa forma, até o século XIX poucas regiões africanas tinham sido efetivamente colonizadas pelos europeus (principalmente portugueses e holandeses), que preferiram construir fortificações e feitorias no litoral, de onde negociavam com a população local.

Pouco se conhecia sobre a África. Mas, a partir do século XIX, o crescente interesse de exploradores e missionários por aquele continente, trouxe à tona as maravilhas do interior africano - terras infinitas, jazidas de minérios, pedras e metais preciosos -, despertando a cobiça dos industriais e dos governantes europeus. O rei Leopoldo II da Bélgica, por exemplo, financiou expedições à África e fundou, em 1876, a Associação Internacional Africana, ponto inicial para o processo de colonização belga.

Em 1885, o chanceler alemão, Bismarck, reuniu a Conferência de Berlim, a fim de dividir o território africano de forma amigável entre as potências industriais européias. Logicamente essa partilha foi feita pelos europeus e para os europeus, os povos africanos sequer foram notificados. A partir de então se intensificou a invasão, a conquista, a utilização da força armada, a exploração do território e do homem africano em favor dos interesses industriais.

Colonização

Independentemente de qual tenha sido a metrópole, a forma de colonizar empreendida pelos europeus foi praticamente igual em todas as colônias. Primeiramente buscavam alianças com as elites locais, oferecendo prestígio, riquezas, corrompendo o grupo dominante. Somente no caso de resistência é que partiam efetivamente a invasão armada. De qualquer forma, ou por “bem” ou por “mal”, os europeus passaram a determinar qual o regime político local poderia ser adotado e quais as atividades econômicas deveriam ser praticadas.

Um fator importante no processo de colonização foi a chegada de colonos europeus, que passaram a compor o aparato administrativo, o quadro de grandes comerciantes e senhores latifundiários. Dessa forma, o imperialismo também serviu ao propósito de diminuir a população residente na Europa (que havia crescido muito no século XIX).

A sociedade colonial foi se organizando a partir de traços culturais e étnicos: os brancos passaram a deter todo privilégio e os nativos foram submetidos: não podiam mais usar sua língua, não podiam mais realizar seus cultos religiosos, não podiam produzir segundo sua cultura agrícola milenar.

Em pleno século do desenvolvimento cientifico e tecnológico, os europeus legitimavam sua posição de classe dominante através das mais inventivas teorias racistas, amplamente divulgadas na época. Uma delas defendia que a chegada do europeu no território africano era uma benção para os povos locais, que assim sairiam de seu primitivismo e alcançariam o progresso, e por isso deveriam seguir cegamente os ditames dos dominadores.

“Deve-se lembrar ainda que as potências européias, intencionalmente ou não, semearam o ódio entre grupos étnicos que estavam sob seu domínio. Assim, em algumas colônias deram tratamento privilegiado a uma etnia em detrimento a outra (…) no contexto da estratégia que visava dividir para governar.” (Nelson Basic Olic)

Mas o próprio desenvolvimento das colônias trouxe consigo o questionamento desse modelo:

“A desarticulação da agricultura tradicional, a apropriação da terra (desconhecida na maioria das regiões), o aparecimento do trabalho assalariado e, sobretudo, a urbanização criaram condições para uma nova estratificação social: pequeno grupo de comerciantes e intermediários, agentes políticos e econômicos do poder colonial, plantadores ricos, elites letradas de tipo moderno, funcionários subalternos e proletariado agrícola ou industrial.” (Letícia Bicalho Canêdo)

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