Português, perguntado por luannyeduarda2007, 8 meses atrás

Por que, a partir do século XVII e XVIII houve um aumento nas importações de africanos para o Brasil? ​​

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Respondido por Usuário anônimo
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      Nas décadas de 1670 e 1680, os africanos, crioulos e descendentes alojados em Palmares eram vistos pelas autoridades metropolitanas como "holandeses de outra cor", por conta da ameaça que representavam à ordem colonial portuguesa na América. Sua derrota pela força das armas só ocorreu em meados da década seguinte, após um conflito secular com dois dos maiores poderes coloniais europeus do mundo moderno. Antes da revolução escrava de São Domingos (1791-1804) e das grandes revoltas abolicionistas do Caribe inglês no primeiro terço do século XIX, o episódio de Palmares só teve equivalente na I Guerra Maroon da Jamaica (1655-1739) e na Guerra dos Saramaca no Suriname (1685-1762). Nesses dois casos, entretanto, os quilombolas conseguiram vencer as tropas repressoras, forçando autoridades e senhores a reconhecerem a liberdade dos grupos revoltosos.

   O objetivo deste ensaio é justamente entender por que não houve outros Palmares na história do Brasil. Para tanto, concentrarei minha atenção nas relações entre tráfico negreiro transatlântico, alforrias e criação de oportunidades para a resistência escrava coletiva (como a formação de quilombos e as revoltas em larga escala), do final do século XVII à primeira metade do século XIX. A idéia é de que eventos como Palmares, a Guerra Maroon jamaicana ou a campanha dos Saramaca estiveram diretamente ligados à configuração de determinado tipo de sistema escravista, que denominarei "escravismo de plantation". Nesse sistema, a produção econômica se concentrava em um único produto e o quadro social era marcado por desbalanço demográfico entre brancos livres e escravos negros, amplo predomínio de africanos nas escravarias, poucas oportunidades para a obtenção de alforria e altas taxas de absenteísmo senhorial. A partir de fim do século XVII, o sistema escravista brasileiro passou a escorar-se em uma estreita articulação entre tráfico transatlântico de escravos bastante volumoso e número constante de alforrias. Nessa equação, era possível aumentar a intensidade do tráfico, com a introdução de grandes quantidades de africanos escravizados, sem colocar em risco a ordem social escravista. Logo após a derrota de Palmares, reduziram-se substancialmente as oportunidades de sucesso para as revoltas escravas e os grandes quilombos no Brasil. Não por acaso, com exceção de uma breve ocasião na década de 1670, ainda no curso da Guerra dos Palmares, as autoridades coloniais portuguesas e os representantes imperiais brasileiros sempre se recusaram a negociar com revoltosos e quilombolas. Essa posição política, que traduzia o quadro das relações de força entre senhores e escravos no Brasil, teve como contraponto a atitude de ingleses e holandeses, forçados a reconhecer em tratados de paz as conquistas que Maroon e Saramaca obtiveram em campo de batalha.

 

 


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