por que a palavra "tribo" não é tão adequada quanto "povo", "nação" ou "etnia" quando se fala dos indígenas?
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Tribo e Etnia são termos europeus. Nascem de uma visão de "outro" que ainda não chegou no patamar de complexidade do estudioso. Principalmente o termo tribo foi conceituado sob a luz de pensamentos hegelianos, de que tudo que está no mundo pode ser simples, mais próximo da natureza e, portanto rudimentar, mas pode evoluir gradualmente, sendo que o mais complexo, mais próximo do intelecto é superior. Assim, pode-se perceber que muitas nuances e direitos desses povos não são contemplados.
Vale lembrar que pela Constituição Federal de 1988, artigo nº231, "São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens".
São mais de 305 povos, com diferentes visões de mundo. Alguns desses povos podem referir a si mesmos como etnia ou tribo. Ou mesmo alguns indivíduos dentro de um mesmo povo podem ter opiniões diferentes de como referir a si mesmos.
MAS, especialmente para os não indígenas, é importante usar termos inclusivos. O termo "POVO" costuma trazer consigo a ideia complexidade e de soberania quanto a sua identidade, cultura, política, economia, língua, legislação, território, que muitas vezes quem fala e escuta o termo tribo/etnia não percebe. Assim, há pessoas que defendem que o termo povo é o mais adequado e inclusivo.
Se você for na wikipedia e procurar tribo, vai encontrar, inclusive, esse parágrafo, que explica bem a inadequação do termo:
"Por sua origem europeia e uso na filosofia colonialista para designar agrupamentos humanos nos diversos territórios conquistados pelos europeus, o termo ganhou oposição no meio científico, não apenas por sua imprecisão como também por não atender às divisões peculiares dos povos que pretendia reunir. Alguns dos autores que o aboliram argumentam que se trata de 'ficção etnográfica e acadêmica'.
Estes conceitos de tribo, bem como os de tribalismo, etnicidade, clã e linhagem, trazem forte vício colonialista e neocolonialista, com o apoio da antropologia, que, então, servia aos interesses europeus, e devem ser evitados, por trazerem inerentes divisões que visam antes ao domínio político do que propriamente à compreensão das realidades que procuram retratar. Como exemplo deste mau uso, citam-se os meios de comunicação de massa, que costumam mascarar os problemas africanos como decorrentes de "conflitos tribais", ocultando, assim, as suas reais causas econômicas, políticas e sociais.
Neste sentido, Roberto Cardoso de Oliveira ressalta que conceitos como tribo e etnia surgem na ótica europeia para definir as sociedades asiáticas, ameríndias e africanas, dotando-os de um rótulo comum que lhes retira suas especificidades históricas."