Por que a Lei Áurea não representou a abolição definitiva? A primeira grande reação dos ex-escravos foi a celebração. Nas grandes cidades e nas zonas rurais, os ex- escravos realizaram ou se juntaram às festividades, que se estenderam por dias. Uma outra reação foi a de mudar-se de cidade. Com isso, muitos ex-escravos abandonaram as fazendas e engenhos em que foram escravizados e mudaram- se para outras fazendas ou foram para outras cidades. As migrações dos ex-escravos, era parte de um esforço para “distanciar-se do passado de escravidão”. Além disso, muitos se mudavam para retornar ao seu local de nascimento, para rever parentes, para procurar parentes dos quais foram separados, para conseguir um trabalho com melhor remuneração etc. As migrações de ex-escravos geraram insatisfação de grandes proprietários, assim, esses grupos passaram a pressionar as autoridades para que essas reprimissem os ex-escravos por vadiagem e vagabundagem. Essa forma de repressão era, por diversas vezes, utilizada por grandes proprietários para reprimir e perseguir ex- escravos que não aceitavam as péssimas condições impostas pelos senhores. Um outro mecanismo de repressão desenvolvido pelos grandes proprietários contra a liberdade dos ex- escravos era impedir que eles se mudassem. Existiram casos de ex-escravos que eram ameaçados e agredidos fisicamente para que não se mudassem. Já outros senhores acionavam a Justiça para exercer a tutoria sobre os filhos de ex-escravos como forma de impedir que eles abandonassem sua fazenda. Muitas vezes os senhores também se negavam a pagar os salários acertados com os ex-escravos e utilizavam de ameaças quando estes demonstravam sua insatisfação. Os pagamentos, conforme exigiam os libertos, deveriam ser semanais ou diários, e a jornada de trabalho, limitada. Muitos também exigiam um espaço para cultivar sua própria plantação, de onde retiravam parte do seu sustento. Os que iam para as cidades aprendiam a trabalhar nos mais diversos ofícios, como pedreiro, e no caso das mulheres esses ofícios relacionavam-se com os afazeres domésticos. O não acesso às terras que permaneceram nas mãos dos grandes proprietários e ex-donos de escravos foi um problema grave que contribuiu para reforçar o papel de dependência dos ex-escravos em relação aos senhores. As condições ruins e os salários baixos garantiam aos ex-escravos uma posição subalterna e marginalizada na sociedade. O mesmo aconteceu nas grandes cidades, uma vez que esses libertos, sem oportunidades e sem estudo, eram sujeitos a empregos ruins e mal remunerados. A pobreza e a falta de oportunidades contribuíram para perpetuar essa parcela de ex-escravos em posições marginais de nossa sociedade, o que contribuía, inclusive, para o crescimento da criminalidade. Houve também ex-escravos que optaram por retornar para o continente africano.
QUESTÃO PARA ANÁLISE E DEBATE: 01. Analisando o texto, como achas que o governo brasileiro deveria ter agido para que os negros pudessem realmente ser livres e integrados à sociedade? Explique sua conclusão.
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O governo brasileiro deveria ter estruturado a lei para que os negros tivessem uma vida digna para se colocar na sociedade como uma cidadão como qualquer outro e com as mesmas oportunidades. Sendo assim, deveriam estabelecer emprego, moradia e educação para que tivessem a possibilidade de melhorar suas vidas. Além disso, por mais que na época os negros e abolicionistas tenham vencido uma luta, o preconceito ainda existia e para amenizar ou até mesmo "retirar" os racistas da sociedade é uma lei para sujeitar as pessoas que cometiam esses crimes serem presos ou passassem pelas mesmas situações que os negros sofriam.
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