Por que a divisão do trabalho social cria a solidariedade?
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Bem diverso da solidariedade mecânica é o caso da solidariedade produzida pela divisão do trabalho. Enquanto a solidariedade mecânica implica, sugere ,que os indivíduos se assemelham esta se configura na diferença dos indivíduos. Na primeira a personalidade do individuo é absorvida na personalidade coletiva ; a segunda só é possível se cada um tiver uma esfera de ação própria, consequentemente personalidade. É necessário, pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual ,para que nesta possa se estabelecer essas funções especiais que ela, a consciência coletiva não consegue regulamentar, e quanto maior é essa região, mais forte é a coesão que resulta dessa solidariedade.. De fato , de um lado cada um depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais dividido for o trabalho nela e, de outro , a atividade de cada um é tanto mais pessoal quanto for especializada. Sem dúvida , por mais circunscrita que seja , ela nunca é completamente original, mesmo no exercício de nossa profissão, conformamo-nos a usos, a práticas que são comuns a nós e a toda a nossa corporação. Mas mesmo nesse caso, o jugo que sofremos é muito menos pesado do que quando a sociedade inteira pesa sobre nós, e ele propociona muito mais espaço para o livre jogo de nossa iniciativa. Aqui, pois , a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo que o das partes; a sociedade torna-se mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo em que cada um de seus elementos tem mais movimentos própios. Essa solidariedade se assemelha á que observamos entre os animais superiores. De fato, cada órgão ai tem sua fisionomia especial, sua autonomia, e contudo a unidade do organismo é tanto maior quanto mais acentuada essa individualização das partes. Devido a essa analogia, propomos chamar de orgânica a solidariedade devida á divisão do trabalho.