Geografia, perguntado por joaovitorlimainacio, 8 meses atrás

Por que a diferença de salário entre mulheres e homens são tão
desigual?​

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Respondido por fagnerrafaeloz7t5g
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Resposta:

Explicação:

A desigualdade salarial de gênero é formada, muitas vezes, antes da entrada dos indivíduos no mercado de trabalho. No entanto, o mercado de trabalho pode funcionar como um reprodutor e consolidador desta desigualdade. Por exemplo, algumas pessoas argumentam que mulheres têm preferência por certas profissões que pagam menos e, por isso, a desigualdade salarial não tem relação direta com a desigualdade de gênero. Contudo, essas escolhas profissionais acabam sendo reflexo da desigualdade de gênero já existente.

Para diversos cientistas sociais, compreender como essas preferências profissionais são firmadas é muito importante. O Brasil tem um nível de segregação sexual entre cursos de graduação muito mais elevado do que os EUA, por exemplo. O importante aqui seria perguntar o porquê de mulheres estarem concentradas em cursos como educação e humanidades e comporem apenas 20% das engenheiras ou 40% das economistas. Será que isso teria a ver com o fato de existirem poucas professoras mulheres lecionando turmas de matemática, física ou química nas escolas? Ou será que existe um incentivo menor, na nossa cultura como um todo, para mulheres seguirem carreiras nas áreas mais ligadas às engenharias? Será que isso teria relação com as diferentes socializações primárias que são oferecidas para as crianças de acordo com seu sexo? Portanto, diversos são os fatores que poderiam explicar por que a proporção de engenheiras no Brasil é consideravelmente menor do que em outros países.

Além da escolha da formação, os papéis de gênero também influenciam nas trajetórias profissionais das mulheres, especialmente no que diz respeito à maternidade e às tarefas domésticas. Segundo estudo de Carlos Costa Ribeiro, em média 80% dos afazeres domésticos são realizados pelas mulheres. Isso afeta o tempo que mulheres gastam investindo em suas carreiras em comparação com os homens, especialmente quando estas têm filhos.

 

Outro fator importante é a licença maternidade, que ainda tem um custo muito alto na carreira das mulheres. Em países em que não existe uma forte licença maternidade, muitas mães, mesmo muito qualificadas no mercado de trabalho, acabam largando suas carreiras. Por outro lado, em países com fortes licenças maternidade, mas com fracas ou quase inexistentes licenças paternidade, mulheres acabam sendo preteridas em detrimento de seus colegas do sexo masculino. Isso ocorre, em parte, devido ao fato do risco financeiro de se contratar ou promover um homem ser menor. Na Islândia, por exemplo, país que ocupa o primeiro lugar no Global Gender Gap Index de 2014[1], a licença maternidade e paternidade é de 9 meses, dos quais 3 meses são para a mãe, 3 para o pai e mais 3 que são alocados da forma que os pais preferirem.

Pesquisa realizada pela professora Michelle J. Budig da Universidade de Massachusetts-Amherst aponta que existe no geral uma penalidade salarial para mães e uma recompensa para pais. A penalidade é muito maior para mulheres mais pobres. Enquanto para os homens a recompensa é bem maior para homens ricos. A pesquisadora acredita que isso possa ocorrer pelo fato de a paternidade sinalizar ao empregador certas características desejáveis do empregado, como comprometimento, responsabilidade e estabilidade.

Em resumo, podemos entender que o impacto das diferentes socializações e referências na infância na escolha profissional das mulheres, a persistência da concentração do serviço doméstico nelas e as diferenças de custo financeiro entre licenças maternidade e paternidade são alguns dos fatores que ajudam a entender a desigualdade salarial entre homens e mulheres.

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