Artes, perguntado por dudinha20002312, 8 meses atrás

Por qual motivo os artistas do período colonial(Missão Artística Francesa) não representavam as coisas de forma realista em suas obras?​

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Respondido por gustavo72718
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A Missão Artística Francesa foi um grupo de artistas e artífices franceses que, deslocando-se para o Brasil no início do século XIX, dinamizou o panorama das Belas Artes no país introduzindo o sistema de ensino superior acadêmico e fortalecendo o Neoclassicismo que ali estava iniciando seu aparecimento. O grupo era liderado por Joachim Lebreton e foi amparado pelo governo de Dom João VI, mas seu trabalho tardou a frutificar, encontrando a resistência da tradição barroca firmemente enraizada e tendo de enfrentar a escassez de recursos financeiros e uma série de intrigas políticas que dissolveram boa parte do primeiro entusiasmo pelo projeto.

Durante a ocupação francesa de Portugal, no início do século XIX, a família real e sua corte foram obrigados a fugir, instalando a sede do reino português no Rio de Janeiro, no Brasil. O príncipe regente Dom João desde sua chegada havia procurado dinamizar a vida da então colônia. Não havia garantia de quando a volta ocorreria, se é que haveria um retorno, a metrópole estava talvez perdida para sempre, e assim, melhor seria fazer esta imensidão tornar-se competitiva diante da comunidade das nações. Do ponto de vista administrativo, não seria producente, para uma corte instalada no exílio, manter uma terra enorme sob o antigo perfil extrativista e agrário, com uma administração semi-feudal, quando a ciência estava em alta, e a indústria começava a se tornar desejada e necessária.Entre outras medidas, abriu os portos brasileiros para as nações amigas, fundou o Banco do Brasil, fomentou uma indústria incipiente e estimulou a vida cultural especialmente na capital, e, no contexto das negociações do Congresso de Viena, em 1815 alçou o Brasil à categoria de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. A partir de 1815, depois da queda definitiva de Napoleão Bonaparte, pôde ser iniciado um processo de normalização das relações diplomáticas, comerciais e culturais com a França.[1][2] Nesse ambiente de renovação, a instituição de um sistema de ensino superior em artes e ofícios viria a minimizar o vazio provocado pela expulsão dos jesuítas, que antes administravam boa parte da educação na colônia.[3][4]

As origens da Missão Francesa não são muito claras e há lacunas importantes na documentação que chegou aos nossos dias. Até meados do século XX a maior parte da historiografia nacional afirmou a ideia de que a Missão era fruto da previdência e benevolência de um governo iluminado, liderado por Dom João, preocupado em modernizar o país e dar-lhe uma boa estrutura de ensino de artes e ofícios, e embora as várias versões que circularam difiram em detalhes, sustentavam a ideia central. A partir de fins do século XX, porém, muitas evidências novas surgiram, mostrando que a versão "oficial" era lendária, e que o projeto foi de fato idealizado e organizado por Joachim Lebreton sem qualquer participação do governo português. Enfrentando uma situação difícil na Europa como antigos partidários de Napoleão, ele e outros haviam caído em desgraça com a Restauração Bourbon. Assim, Lebreton reuniu os membros do grupo e obteve apoio inicial, em caráter privado, de alguns mecenas portugueses, como o conde da Barca e o cavaleiro de Brito, para uma instalação no Brasil. Contudo, a Missão só foi reconhecida oficialmente pelo governo, e então encampada por ele, ao chegar ao Brasil, quando seus principais membros foram pensionados por Dom João e encarregados do funcionamento da recém-fundada Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.[5] Apesar dessas evidências, o tema ainda é objeto de muito debate.[6] Para Elaine Dias, uma das principais estudiosas recentes do assunto, ainda podem surgir novas informações que esclareçam melhor as circunstâncias originadoras da Missão: "Apesar de todas as evidências se dirigirem à criação do projeto por parte de Lebreton, [...] resta-nos ainda debruçarmo-nos sobre o restante da documentação conservada na Torre do Tombo. Novos caminhos, portanto, na busca pela compreensão definitiva desta Missão"

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