Português, perguntado por talitatenerate, 6 meses atrás

por favor preciso muito de ajuda


Psicologia de um Vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
(ANJOS, Augusto dos. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.)

Após ler o poema, notamos o uso de uma estrutura clássica das formas poemáticas, uma linguagem impactante e, dentro do universo temático, a tentativa de definir o “eu” diante de sua visão de mundo. A partir disso você fará a análise em forma de texto desse poema tendo em vista três pontos importantes:
Estrutura do poema: abordar no mínimo três características existentes;
Linguagem: exemplificar a linguagem e suas particularidades;
Temática: explicar a construção e o desenvolvimento do tema no poema.

ORIENTAÇÕES:
A resposta deve ser em forma de texto e NÃO de pergunta e resposta; a divisão em itens é para facilitar o entendimento do que deve ser abordado no texto;
O texto deve ser em 3ª pessoa do singular;
É obrigatório citar autores e estudiosos em seu texto;
O texto deve ter de 15 linhas a 30 linhas; ​

Soluções para a tarefa

Respondido por dannyoliveiras
0

Resposta:

a explicaçao segue abaixo

Explicação:

É notório que a característica do gênero narrativo é visível no poema. O poema é narrado em primeira pessoa que demonstra sentimento de tristeza e sofrimento, o narrador é o elemento primordial na narrativa do poema. Segundo Aguiar e Silva (1988, p. 759), “a voz do narrador fala sempre no texto narrativo, apresentando características diferenciadas em conformidade com o estatuto da persona responsável pela enunciação narrativa [...]”. Dessa forma o narrador é imprescindível na narrativa, ele narra a história, note que no texto o poema é narrado em primeira pessoa, dessa forma a “focalização” na primeira pessoa é deixar o narrador envolvido na trama, no caso do poema o tipo de narrador é o narrador protagonista pois descreve os fatos e emoções vivenciados por ele.

Outra característica notória do poema é o gênero lírico pois a narrativa é feita de forma sentimental e poética. Dentro do gênero lírico podemos destacar no poema a Elisão como por exemplo nos trechos “desde a epigênesis” e “este ambiente me causa repugnância”.  A composição evidenciada no poema é através da métrica de um soneto sendo composto por dois quartetos e dois tercetos, é notório a presença de rima e um vocabulário requintado.

A linguagem científica é bastante notória no poema expondo essencialmente elementos da natureza como principais características, tais como o carbono, amoníaco, e também utiliza de uma linguagem culta como acérrimo e antropocentrismo.A linguagem poética também é marcante no poema, pois possui uma linguagem elaborada e repleta de reflexões e é marcada pelo posicionamento pessoal do eu lírico.

Em relação a construção do poema ele é dividido em duas partes a primeira trata do próprio eu-lírico e a segunda da morte, nas primeiras estrofes ´eu-lírico encara a vida e a si mesmo de forma pessimista, pois entende que o homem é matéria, química, e considera que tudo caminha para a destruição.

Em relação ao desenvolvimento do tema no poema, o título é uma espécie de síntese das ideias do poema embora o título contenha a palavra psicologia, o poema detém-se a tratar da matéria das substâncias químicas que formam o eu, evitando maior introspecção. Apesar disso, é possível constatar o negativismo interior do eu lírico, que se considera "vencido" em virtude da fragilidade física do ser humano e da força implacável da morte.

Referência:

AGUIAR E SILVA, V. M. Teoria da Literatura. 8. ed. Coimbra: Almedina, 1988. AMORA, A. S. Introdução à teoria da literatura. 18. ed. São Paulo: Cultrix, 2010. ANDRADE, O. de. Erro de português. In: FARACO, C. E.; MOURA, F. M. Língua e Literatura.

Perguntas interessantes