Português, perguntado por lauramacenapb, 3 meses atrás

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Fahrenheit 451
a temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima…

As copas das árvores farfalharam ruidosamente, soltando sua chuva seca. A garota parou e parecia prestes a recuar, surpresa, mas, em vez disso, encarou Montag com olhos tão negros, brilhantes e vivos que ele achou haver dito alguma coisa totalmente admirável. Mas ele sabia que sua boca só se abrira para dizer olá; depois, quando ela parecia hipnotizada pela salamandra em seu braço e o disco da fênix em seu peito, ele tornou a falar:
— Claro! Você é nossa nova vizinha, não é?
— E você deve ser – ela afastou os olhos daqueles símbolos profissionais – o bombeiro. – A voz dela foi definhando.
— Você diz isso de um jeito tão estranho.
— Eu… eu saberia disso de olhos fechados – disse ela, devagar.
— Por quê?… O cheiro de querosene? Minha mulher sempre reclama – riu. – Por mais que se lave, não sai totalmente.
— É, não sai – disse ela, temerosa.
Montag teve a impressão de que ela andava num círculo ao redor dele, virando-o de ponta--cabeça, agitando-o silenciosamente e esvaziando seus bolsos, sem sequer se mover.
— Querosene – disse ele, porque o silêncio se prolongava – não passa de perfume para mim.
— Acha mesmo?
— Claro. Por que não?
Ela fez uma pausa, pensativa.
— Não sei – disse ela e se virou, olhando a calçada que levava às casas onde moravam. – Você se importa se eu voltar com você? Meu nome é Clarisse McClellan.
— Clarisse. Guy Montag. Vamos. O que você faz na rua assim tão tarde? Quantos anos você tem?
[...]
— Bem – disse ela –, tenho dezessete anos e sou doida. Meu tio diz que essas duas coisas andam sempre juntas. Ele disse: quando as pessoas perguntarem sua idade, sempre diga que tem dezessete anos e que é maluca. Não é uma ótima hora da noite para caminhar? Gosto de sentir o cheiro das coisas e olhar para elas e, às vezes, fico andando a noite toda e vejo o sol nascer.
Tornaram a caminhar em silêncio e por fim ela disse, pensativa:
— Sabe, não tenho medo de você.
[...]
E então Clarisse McClellan disse:
— Posso fazer uma pergunta? Há quanto tempo você trabalha como bombeiro?
— Desde os vinte anos. Dez anos atrás.
— Você nunca lê nenhum dos livros que queima?
Ele riu.
— Isso é contra a lei!
— Ah, é claro.
— É um trabalho ótimo. Segunda-feira, Millay; quarta-feira, Whitman; sexta-feira, Faulkner. Reduza os livros às cinzas e, depois, queime as cinzas. Este é o nosso slogan oficial.
Caminharam ainda mais um pouco e a garota disse:
— É verdade que antigamente os bombeiros apagavam incêndios em lugar de começá-los?
— Não. As casas sempre foram à prova de fogo, pode acreditar no que eu digo.
— Estranho. Uma vez me disseram que, muito tempo atrás, as casas pegavam fogo por acidente e as pessoas precisavam dos bombeiros para deter as chamas.
Ele riu.
Clarisse olhou rapidamente para ele.
[...]
— Você é esquisita mesmo – disse, olhando para ela. – Não respeita ninguém?
— Não pretendo ser grosseira. É que eu adoro observar as pessoas. Acho que é isso.
— Bem, isto aqui não significa nada para você? – disse ele, batendo com a mão no número 451 bordado na manga cor de carvão.
— Sim – sussurrou ela e apertou o passo. — Já parou para observar os carros a jato correndo pelas avenidas naquela direção?
— Você está mudando de assunto!
— Às vezes acho que os motoristas não sabem o que é grama, ou flores, porque nunca param para observá-las – disse ela. — Se a gente mostrar uma mancha verde a um motorista, ele dirá: Ah sim! Isso é grama! Uma mancha cor-de-rosa? É um roseiral! Manchas brancas são casas. Manchas marrons são vacas. Certa vez, titio ia devagar por uma rodovia. Ele estava a sessenta por hora e o prenderam por dois dias. Isso não é engraçado? E triste, também?
— Você pensa demais – disse Montag, incomodado.
— Eu raramente assisto aos “telões”, nem vou a corridas ou parques de diversão. Acho que é por isso que tenho tempo de sobra para ideias malucas. Já viu os cartazes de sessenta metros no campo, fora da cidade? Sabia que antigamente os outdoors tinham apenas seis metros de comprimento? Mas os carros começaram a passar tão depressa por eles que tiveram de espichar os anúncios para que pudessem ser lidos.
— Eu não sabia disso! – riu Montag abruptamente.
[...]
Quando chegaram à casa dela, todas as luzes estavam acesas.
— O que está havendo? – Montag raramente via uma casa tão iluminada.
— Ah, minha mãe, meu pai e meu tio estão conversando. É como andar a pé, só que bem mais gostoso. Meu tio foi preso uma outra vez, eu lhe contei? Por andar a pé. Ah, nós somos diferentes mesmo.
— Mas sobre o que vocês conversam?
Ela riu da pergunta.
— Boa noite! – e foi para casa, mas pareceu lembrar-se de algo e voltou-se, olhando para ele com admiração e curiosidade.
— Você é feliz? – perguntou.
— Eu sou o quê? – gritou ele.
Mas ela se fora – correndo sob o luar. A porta da casa fechou-se suavemente.

!!Em sua opinião, Clarisse é uma leitora? Por quê?!!

Soluções para a tarefa

Respondido por bellucciesiyun
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Resposta:

Sim, pois ela sabe de coisas que ocorreram no passado

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